quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pobres e desinformados.


Jornais, rádios e televisões mostraram-nos ontem, de forma mais ou menos indignada, o quanto é inadequada a ajuda alimentar que a União Europeia envia para Portugal com a finalidade de ser distribuída a famílias carenciadas. Manteiga, arroz e cereais em quantidades astronómicas, muito para além da capacidade de consumo de qualquer família, constituíam no essencial o motivo da critica. Até porque, salientava um autarca particularmente chateado, apenas se podem candidatar a este tipo de ajuda famílias em que o rendimento per capita, depois de deduzidas uma série de despesas básicas, não ultrapassem os cento e oitenta e nove euros. Valor excessivamente baixo, no entender do Presidente de Junta ouvido pelas reportagens. 
Surpreende-me que nenhum jornalista, dos vários que abordaram o assunto, tenha questionado os valores exigidos como requisito para ter acesso aos apoios e a, pelo menos aparentemente, fraca adesão a este programa de ajuda alimentar. No actual contexto salarial parece-me que uma larguíssima faixa de portugueses se enquadra neste padrão de rendimentos. Um casal empregado em que cada um aufira quinhentos euros mensais, tenha dois filhos, pague uma renda de trezentos euros, cinquenta de luz e vinte de água, mesmo que todos sejam saudáveis e não tenha cada um mais que uma ou duas constipações por ano, cumpre as regras necessárias para ter acesso aos produtos alimentares que a Europa nos manda e que, pelos vistos, temos dificuldade em distribuir. Das duas uma. Ou, afinal, os portugueses não ganham assim tão pouco, ou andam distraídos e não conhecem os apoios a que se podem candidatar.

2 comentários:

  1. Quando li a notícia achei tudo muito bizarro. Na mesma entrevista uma senhora dizia que o povo desconhece que pode congelar a manteiga e que distribui o que tem a mais, porque apesar do arroz durar bastante, não o consomem e pode surgir o gurgulho e vai daí ela dá a quem sabe que precisa.

    Pensei mas o Presidente da Junta não tem poderes e sensibilizar o povo a unir-se e fazer uma justa partilha para uma durabilidade de 3/4 meses?

    e 189€ é um número estranho...mas sinceramente não conheço as "normas"!

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  2. PS: desde que vivi uma guerra e as suas consequências...não acredito e duvido até prova em contrário... tudo que englobe a CARITAS e pelo que percebi...esta péssima distribuição é desse organismo.

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