Corre na blogosfera afecta ao Partido Comunista uma onda de indignação contra a detenção de alguns jovens – definição actual de meliante, na nossa comunicação social – pela PSP e pelos eventuais maus tratos que alegadamente terão sofrido na esquadra para onde foram conduzidos. Foram, ao que alegam, sujeitos a humilhações várias, entre as quais uma revista mais pormenorizada onde, segundo o que se escreve, terão sido obrigados a tirar a roupa. Toda, ao que garantem.
O motivo que levou a policia a deter os tais jovens terá sido a tentativa de vandalizar uma parede borrando-a com tinta. Um mural, como eles fazem questão de afirmar, embora a mim não me pareça existir entre um e outro conceito uma diferença substancial. Ainda assim não creio que valha a pena as forças da ordem perderem tempo com este tipo de criancice. Castigo exemplar teria sido deixá-los pintar as suas palavras de ordem e dar-lhes um bom motivo para, daqui por mais uns anitos, sentirem vergonha do que andaram a escrever na sua mocidade.
Como não podia deixar de ser o episódio tem dado azo às mais variadas leituras. Há quem solidariamente com os aprendizes de comunistas – ou de pintores, sei lá - compare a acção da policia com os métodos das tropas americanas no Iraque. Enquanto isso, outros entendem que a revista a que foram sujeitos se deveu à necessidade de procurar as armas do crime – os pincéis – nos locais mais recônditos da dita rapaziada.
Por mim acho que esta malta é mimada em demasia. Apesar de os pais levarem a vida a falar de trabalho e de trabalhadores, falharam redondamente na tentativa de passar a mensagem aos filhos. Estes, embora revelem uma imensa generosidade naquilo que supõem ser a defesa dos interesses de quem trabalha, manifestam um profundo desprezo por essa forma de ganhar a vida.
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