sábado, 20 de novembro de 2010

Gente séria

Presumo que a quantidade de manifestantes que desfilou hoje à tarde na Avenida da Liberdade irá variar consoante a fonte da noticia tenha origem nos organizadores do passeio, na policia ou no palpite dos jornalistas que acompanharam o acontecimento. Pelas imagens que as televisões mostraram não terão sido muitos. Nem, provavelmente por culpa do aparato policial, tão violentos como noutras paragens onde se realizaram cimeiras deste género. O que também não é de estranhar. Várias razões concorrem para isso: Somos um povo de brandos costumes, na manifestação havia uma elevada percentagem de velhotes ou de malta a ficar entradota, os estrangeiros que eram esperados não conseguiram entrar em Portugal e, por último mas não menos importante, o PCP e todas as organizações por si patrocinadas só querem aparecer e proporcionar aos seus apaniguados um motivo para exibirem as bandeiras e as causas. Perdidas, quase todas. 
Destas coisas das manifestações aprecio essencialmente as curtas entrevistas que as televisões fazem aos intervenientes. Extravasam superioridade moral e intelectual, irradiam cultura, mostram um conhecimento politico ao alcance de poucos – basta ver os resultados eleitorais – e evidenciam uma petulância que me suscita uma enorme vontade de rir. Foi o caso de hoje. Apesar do notório mau aspecto da maioria, alguns com evidentes sinais de não se aproximarem de água há meses, transmitiram-me ensinamentos importantes e que desconhecia por completo. Entre outras coisas fiquei a saber que a NATO é má. Faz maldades. Que as bombas atómicas matam que se fartam - excepto se forem do Paquistão, Índia, Coreia do Norte ou Irão – e que portanto há que acabar com o arsenal nuclear da Aliança Atlântica. Descobri também que não gostar de guerra é exclusivo da esquerda. O que me levou a uma preocupante conclusão. Varreram-se completamente da memória as gigantescas manifestações contra a a invasão soviética do Afeganistão, que o PCP organizou na década de oitenta.

1 comentário:

  1. As megas manifestações só servem para muitos se aproveitarem de andarem à trolha e quase sempre terminam mal sem sequer atingirem o objectivo.

    É a destruir que construimos e vimos mais leves e satisfeitos sem pensarmos e se o que destruimos fosse nosso, construido/adquirido com imenso suor, gostaríamos?

    Isto hoje já não há esquerda nem direita nem centro...é o desnorte completo e a bússula do bom-senso já era!

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