quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Uma desgraça a que chamam país


Duas televisões exibiram hoje no telejornal da noite outras tantas reportagens em se abordava a relação difícil que os portugueses mantém com o fisco. Numa abordava-se a transferência de capitais para offshores sonegando, através de facturas falsas e esquemas manhosos, milhões de euros ao fisco. Noutra, eram divulgados os muitos milhões relativos a impostos que os portugueses se “esqueceram” de pagar às finanças. Dos números apresentados, conjugando um e outro caso e se, por remota hipótese, os portugueses fossem gente honesta – até mesmo aqueles que não andam na politica – pode-se facilmente concluir que o país ostentaria um saudável equilibro orçamental e que todos os sacrifícios por que agora temos de passar seriam evitáveis. 
O combate à fraude e evasão fiscal é o principal caminho- não descurando outros, obviamente - a percorrer no combate ao défice. Escrevo isso desde, pelo menos, o inicio deste blogue e é como muita estranheza que leio e ouço verdadeiras sumidades nestas matérias menosprezarem este aspecto. Alguns consideram-no mesmo de valor residual e insistem na velha cassete do corte de direitos e salários, bem como na concessão de mais e mais benefícios a empresas e empresários. Provavelmente para estes colocarem “ao largo”. 
Os números desta mega-fuga às obrigações fiscais constituem um verdadeiro escândalo e revela bem que tipo de gente vive cá pelo rectângulo. Ladrões, pantomineiros, vigaristas e aldrabões. Uns estarão no governo, outros terão lá estado e outros ainda terão vontade de para lá ir. De fora também não ficam os muitíssimos caloteiros, uma verdadeira manada de chicos-espertos, párias que vão vivendo à conta da sociedade e à margem de qualquer contributo que ajude a pagar o quanto nos custa a sua existência. Por fim todos os outros. Os que permitimos, com o nosso silêncio e inacção, que toda essa cambada assim vá vivendo e burlando quem cumpre. O resultado está à vista. Esta desgraça a que ainda chamamos país.

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