quarta-feira, 2 de junho de 2010

Encerramento de escolas

Não consigo ter, pelo menos para já, opinião formada acerca da intenção anunciada pelo Ministério da Educação de encerrar as escolas com menos de vinte alunos. A acontecer, o encerramento será dramático para as localidades afectadas, quase todas no interior, que verão acentuar-se tendência de desertificação que há muito se verifica nas regiões do interior. Se actualmente já é difícil convencer os residentes mais jovens a fixar-se nas suas aldeias, com esta medida vai ser praticamente impossível que qualquer casal jovem coloque sequer a hipótese de o fazer. 
Por outro lado a educação foi um sector que, a nível do Estado e das autarquias, engordou desmesuradamente e que representa actualmente um peso excessivo e desproporcionado nos orçamentos do Estado e autárquicos. Gosto sempre de apontar um exemplo que considero sintomático. Um dos jardins-de-infância públicos de Estremoz, com duas salas e cinquenta alunos tinha, há dezoito anos, duas educadoras e uma auxiliar. Há doze anos o mesmo jardim, então com cerca de quarenta crianças e mantendo as duas salas, já contava com quatro educadoras e outras tantas auxiliares. Tal acréscimo de pessoal, garanto, não correspondeu a qualquer melhoria da qualidade do ensino ou, sequer, a alargamento de horário. Actualmente não conheço a realidade deste estabelecimento de ensino mas, calculo, que o número de pessoas que ali trabalham deve ser ainda maior. 
É simpático arranjar emprego ao amigo, ao vizinho ou às mulheres de ambos, e as escolas têm constituído uma óptima reserva para o efeito. O problema é que este estado de coisas, de haver sempre lugar para mais um, ou mais uma, não podia durar eternamente. Saltava à vista que o estouro não demoraria e só quem acredita que algures existe uma máquina de fazer dinheiro a trabalhar vinte e quatro horas por dia é que não se apercebia da inevitabilidade de fazer alguma coisa para colocar um fim nesse desvario. Pena é que as consequências destas políticas acabam – como quase sempre – por prejudicar aqueles que não tem qualquer culpa. 
Valham-nos as boas notícias que, cada vez mais raramente, ainda vão surgindo. Diz que o fado fará parte dos currículos das escolas do ensino básico e secundário, provavelmente já no próximo ano lectivo. Por enquanto apenas em Lisboa, mas estas coisas espalham-se depressa e nada garante que a coisa não alastre. Os alunos vão, com certeza, rejubilar. Por mim vou comprar uns tampões para os ouvidos. À cautela.

2 comentários:

  1. Subscrevo totalmente este teu ponto de vista sobre algo que mais cedo ou mais tarde estouraria. Não só no interior, aqui bem perto havia duas e como passo lá e estão fechadas (em restauro para uso de tempos livres julgo eu), perguntei e os alunos desde o início do actual ano lectivo estão noutra bem melhor (com refeitório e tudo) e a uns escassos kms, com a vantagem que hoje com os novos horários só beneficiam os pais, bem ao contrário do tempo das minhas apenas com dois turnos e sem ATLS: 8h às 13h e das 13,30h às 17h...e o resto do tempo?

    Fado? valha-me deus...e já agora diz-me onde irás comprar para eu também ficar prevenida:)

    Um abraço

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  2. As escolas fecharem já não me admiram nada, senão vejamos:
    - Quais são os incentivos que o nosso governo dá aos casais para terem filhos?
    - Quais são as fregalias que as mães têm com os bebés?
    - Quando custa uma manter um filhos na creche?
    As pessoas agora procuram empregos, porque trabalhar ninguém quer, querem é o € no fim do mês na sua continha...
    Numa escola esteve 1 quadro (que agora já é interactivo), durante 2 semanas sem sr limpo, e só foi limpo porque eu num reunião de pais falei do caso assim como de 1 WC.
    O fado? Nem toda a gente nasceu com alma de fado.
    MFCC

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