Não consigo ter, pelo menos para já, opinião formada acerca da intenção anunciada pelo Ministério da Educação de encerrar as escolas com menos de vinte alunos. A acontecer, o encerramento será dramático para as localidades afectadas, quase todas no interior, que verão acentuar-se tendência de desertificação que há muito se verifica nas regiões do interior. Se actualmente já é difícil convencer os residentes mais jovens a fixar-se nas suas aldeias, com esta medida vai ser praticamente impossível que qualquer casal jovem coloque sequer a hipótese de o fazer.
Por outro lado a educação foi um sector que, a nível do Estado e das autarquias, engordou desmesuradamente e que representa actualmente um peso excessivo e desproporcionado nos orçamentos do Estado e autárquicos. Gosto sempre de apontar um exemplo que considero sintomático. Um dos jardins-de-infância públicos de Estremoz, com duas salas e cinquenta alunos tinha, há dezoito anos, duas educadoras e uma auxiliar. Há doze anos o mesmo jardim, então com cerca de quarenta crianças e mantendo as duas salas, já contava com quatro educadoras e outras tantas auxiliares. Tal acréscimo de pessoal, garanto, não correspondeu a qualquer melhoria da qualidade do ensino ou, sequer, a alargamento de horário. Actualmente não conheço a realidade deste estabelecimento de ensino mas, calculo, que o número de pessoas que ali trabalham deve ser ainda maior.
É simpático arranjar emprego ao amigo, ao vizinho ou às mulheres de ambos, e as escolas têm constituído uma óptima reserva para o efeito. O problema é que este estado de coisas, de haver sempre lugar para mais um, ou mais uma, não podia durar eternamente. Saltava à vista que o estouro não demoraria e só quem acredita que algures existe uma máquina de fazer dinheiro a trabalhar vinte e quatro horas por dia é que não se apercebia da inevitabilidade de fazer alguma coisa para colocar um fim nesse desvario. Pena é que as consequências destas políticas acabam – como quase sempre – por prejudicar aqueles que não tem qualquer culpa.
Valham-nos as boas notícias que, cada vez mais raramente, ainda vão surgindo. Diz que o fado fará parte dos currículos das escolas do ensino básico e secundário, provavelmente já no próximo ano lectivo. Por enquanto apenas em Lisboa, mas estas coisas espalham-se depressa e nada garante que a coisa não alastre. Os alunos vão, com certeza, rejubilar. Por mim vou comprar uns tampões para os ouvidos. À cautela.
Subscrevo totalmente este teu ponto de vista sobre algo que mais cedo ou mais tarde estouraria. Não só no interior, aqui bem perto havia duas e como passo lá e estão fechadas (em restauro para uso de tempos livres julgo eu), perguntei e os alunos desde o início do actual ano lectivo estão noutra bem melhor (com refeitório e tudo) e a uns escassos kms, com a vantagem que hoje com os novos horários só beneficiam os pais, bem ao contrário do tempo das minhas apenas com dois turnos e sem ATLS: 8h às 13h e das 13,30h às 17h...e o resto do tempo?
ResponderEliminarFado? valha-me deus...e já agora diz-me onde irás comprar para eu também ficar prevenida:)
Um abraço
As escolas fecharem já não me admiram nada, senão vejamos:
ResponderEliminar- Quais são os incentivos que o nosso governo dá aos casais para terem filhos?
- Quais são as fregalias que as mães têm com os bebés?
- Quando custa uma manter um filhos na creche?
As pessoas agora procuram empregos, porque trabalhar ninguém quer, querem é o € no fim do mês na sua continha...
Numa escola esteve 1 quadro (que agora já é interactivo), durante 2 semanas sem sr limpo, e só foi limpo porque eu num reunião de pais falei do caso assim como de 1 WC.
O fado? Nem toda a gente nasceu com alma de fado.
MFCC