quarta-feira, 23 de junho de 2010

O café da discórdia

Desconheço em absoluto o que terá levado o presidente da Câmara de Faro, Macário Correia, a implementar medidas tendo em vista limitar o tempo despendido pelo funcionários daquela autarquia nas pausas para o café. Ainda assim - e porque, como dizia o outro, já cá ando há muitos anos a virar frangos – não me é difícil adivinhar o cenário que conduziu a esta tomada de posição.
Mesmo admitindo que existam abusos da parte de um número significativo de funcionários – coisa em que sou o primeiro a acreditar – não deixo de considerar esta medida como meramente populista. Isto para usar um termo tão do agrado dos políticos quando em causa estão os seus privilégios. E populista porque se o homem estivesse mesmo preocupado com a produtividade, os processos em atraso, ou lá o que argumenta, chamaria os prevaricadores e confrontá-los-ia com a necessidade de mudarem de hábitos. E, caso isso não acontecesse, seria ele a fazê-los mudar de emprego. 
Por outro lado - da leitura dos relatos disponíveis na internet sobre esta matéria nada é possível concluir - desconheço se esta restrição apenas  visará os funcionários administrativos  e técnicos que trabalham no edifício dos Paços do município, ou, pelo contrário, se aplicará às empresas municipais e restantes trabalhadores dos serviços operativos da autarquia. Não se aplicando, significa que os operários das diversas artes poderão continuar a fazer a sua vidinha. E se tiverem o mesmo comportamento dos seus colegas de outras localidades poderão calmamente continuar a emborcar cerveja e a despejar garrafas de vinho pelos cafés e esplanadas da cidade. Mas, quanto a esses, não tem importância. Pelo seu trabalho poucos eleitores cidadãos nutrem inveja suficiente para ir buzinar queixinhas aos ouvidos de qualquer Presidente. Nada que não se veja, portanto, em mais trezentos e sete municípios... 
Claro que o ilustre edil, preocupado como estará com o controlo e redução de custos, podia optar por coisas de maior significado. Reduzir as despesas de funcionamento do seu gabinete, por exemplo. Que, a fazer fé na exactidão do Orçamento daquele município para o ano corrente, ascendem a nove milhões seiscentos e vinte cinco mil euros. Dos quais um milhão seiscentos e sete mil para pessoal e quatrocentos e treze mil para estudos, pareceres, projectos e consultadoria. Mas isso sou eu, armado em populista e alarve, a dizer.

4 comentários:

  1. Em ano eleitoral (2009) para conquistar o elitorado, tudo foi prometido.
    Começou-se com falinhas mansas, simpatias, apertos de mão e beijos da praxe para conquistar o elitorado.
    Agora com "o passarinho na mão" faz-se como se quer e apetece...
    - 1º Aumenta-se a 150% os estacionamentos (passa de 10€ para 25€ mês).
    - 2º Reduz-se o nº de "Noites de Verão".
    - 3º Na Semana do Concelho não vai haver artista nacional.
    É isto que se tem "pós eleições".
    O povo já está conquistado, já têm formada a assembleia com maiorias, agora toca a tomar medidas drásticas e que se lixem as promessas!
    E não pormeti nada disto...
    Isto acontece tanto na Santa Terrinha, como na conchichina e em Faro!
    MFCC

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  2. Ui, cada vez que se fala na função pública há logo azedume.
    Coitados, uns mouros de trabalho tão injustamente criticados!
    Enquanto é café ainda vá, alguns cá pela santa terra é mais vinhaça e minis frescas agora pelo Verão, e em horário de trabalho para não se perder tempo.

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  3. É evidente que a receita fiscal pode diminuir - segundo os últimos dados da execução orçamental do Estado - subida de 18.2% na cobrança do IVA e subida para o dobro no imposto sobre o tabaco. Não importa desde que seja por uma boa causa! Eu acrescentaria ainda para a ORDEM os " CIGARRINHOS". É uma vergonha nacional aquilo que se vê por aí em termos de gente às portas dos estabelecimentos e dos locais de trabalho a fumar (sabe-se lá o que fumam). O Vício não deve ser uma necessidade.

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  4. Em parte concordo com o Presidente e contigo. Que há abusos há e são imensos mesmo dentro das Câmaras e o cidadão espera e desespera para ser atendido ou aguarda que chegue a casa o malvado papel requisitado há dias. Pausas para café? Porque não têm uma máquina tal como um espaço para fumadores? Depois já vi essas pausas irem bem longe do local de trabalho. Fazer queixas não o faria, mas já assinei o livro de reclamações porque dois estavam na converseta sobre o tinham feito na noite anterior e a fila já era longa.
    Quanto aos outros, pois é...6/7 para um só buraco, olham, descansam, avam um bocadinho, vai beber umas cervejolas etc, etc. e para arranjarem a porra de um passeio de 4 metros demoram duas semanas.

    O país está como está pela prestação de um péssimo serviço público "a todos os níveis e a começar pelo topo" - MAS EM TODOS HÁ VÁRIAS EXCEPÇÕES!

    De quem é a culpa? do povo que pouco ou nada se interessa como "derretem o dinheiro dos seus impostos".

    A Máquina do Estado é bem gorda e há coisas que há muito deveriam ter acabado e os funcionários serem colocados em locais que são mais necessários! A tal flexibilidade que só existe no papel como sendo para todos, mas aplicado apenas no privado.

    Não tenho nada contra os funcionários públicos e isto não é falar barato, porque quando vejo algo mal digo olhos-nos-olhos o que devo dizer e sempre com educação!

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