Desde ontem que nas televisões nacionais apenas dá Saramago. E, ainda, Mundial de futebol. Dois temas que me causam um aborrecimento desmedido e que contribuem por dar por bem empregue cada euro da factura da televisão por cabo. Não fora a calosidade que se começa a formar no polegar da mão direita – a que movimenta o comando – e nem lamentava que apenas dois temas tão desinteressantes ocupassem tanto tempo da antena televisiva nacional.
Apesar de não apreciar a escrita do ex-director do Diário de Noticias, admito que alguma qualidade terá. Se assim não fosse a criatura não teria obtido o reconhecimento à escala mundial que obteve. Mas não gosto e, quanto a isso, nada há a fazer. Não vou, ao contrário de muito boa gente, dizer que aprecio apenas para dar ares de possuidor de um intelecto superior.
Apreciava ainda menos o homem que o escritor. Arrogante e mal educado eram algumas das características que, a julgar pelas aparições televisivas, o fulano demonstrava possuir e que o seu desaparecimento não apaga.
Manifestamente exagerado me parece também o envolvimento do Estado nas exéquias fúnebres deste senhor. Pagar um avião, só para ir buscar o corpo e levar parte das cinza de volta, quando se coloca a hipótese de encerrar serviços do INEM – que, habitualmente, cuidam dos vivos - por falta de dinheiro é de um descaramento inqualificável. Até porque lá por Lanzarote deve haver quem saiba fazer fogueiras.
Há, em alturas como esta, quem se sinta na obrigação de vir fazer o elogio do falecido. Não eu. O senhor viveu a sua vida, longa por sinal, e partiu no tempo adequado. Como, dadas as circunstâncias, a expressão não é apropriada não vou desejar que a terra lhe seja leve. Faço apenas votos para que ninguém snife as suas cinzas.
Eu acrescentaria: A um homen que não gostava da sua terra, a sua terra nada lhe deve, muito menos honras de estado.
ResponderEliminarGoste ou não se goste, foi e será um icone da nossa literatura. Eu não gostava da sua escrita, mas gostava imenso de o ouvir falar e de algumas frases e reflexões que disse. Reconhecido mundialmente recebeu o prémio Nobel e o discurso EXCELENTE está disponível no Youtube!
ResponderEliminarEle gostava da sua terra, mas a sua ida para Lazarote deve-se exclusivamente a "uma guerra" de Sousa Lara, outro grande escritor e poeta muitooooooo católico, ex-secretário de Estado da Cultura do tempo de Guterres ou Cavaco, há uns 12 anos, sobre o livro de Saramago "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" o que prova o que sempre digo: o não saber respeitar a opinião de cada um e que a liberdade de um termina quando começa o do outro e nisso tiro-lhe o meu chapéu, deu no que deu, mas foi um homem que acima de tudo e todos, sem medos dizia a quem quer que fosse o pensava, sentia, idealizava e sempre com uma postura EDUCADA. Não acreditava, era ateu e expunha as suas ideias e ainda querem mudar/pronunciar/ as ideias "mais radicalistas de outros povos, de outras culturas".
Sousa Lara lamentou a sua morte mas disse que não retiraria uma palavra do que disse porque "escreveu sempre atacando os católicos". Venha o diabo e escolha. Enfim!
Era um homem triste, mas quem privava com ele dizia que era muito humano e que interessa se mostrava um ar arrogante como muitos dizem se a maioria das vezes o que parece não é?
Concordo com muitas coisas que dizes tal omo "são de factos manisfestamente exageradas o envolvimento do Estado nas exéquias fúnebres" quando há tanta coisa onde gastar dinheiro, mas é sempre assim com todos e todas...em vida foi reconhecido mas contestado por muitos e depois de morto tocam clanieretes e blá, blá.
Bem ao estilo português lá foi a correria aos seus livros e relembro uma frase dele:
"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos"!
No mesmo dia, um ilustre desconhecido...que falo no meu post!
Não irei lá, mas o povo adora ver estas cerimónias e que descanse em paz e os meus pêsames aos familiares, amigos (tinha muitos) e desconhecidos.
Chato mesmo, foi o presidente da república não ter ido. Foi uma falta de respeito, dizem. Se tivesse ido era uma hipocrisia, diriam.
ResponderEliminarFoi 1 escritor sui-generis, gosto do seu humor e fervor contra o clero.
ResponderEliminarAdmiro a sua coragem de falar aberta e frontalmente com as pessoas icomode a quem incomodar.
Gostei da coroa enviada de Cuba.
Para gostar de 1 livro Saramago é preciso gostar de ironia, humor e histórias mirabolantes...
Foi 1 homem à frente para o seu tempo
MFCC