terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Patrimónios


Durante anos, quase tudo – diria mesmo tudo – servia para entrar para o Guiness. Os recordes, ou as tentativas de os bater, sucediam-se e não havia tuga que não ambicionasse ver o seu nome inscrito no celebre livro. Por mais parvo que fosse o objectivo a superar.
Parece estarmos agora perante uma nova vertente desta lusitana parolice. Depois do fado – que alguns sustentam ser, vá lá saber-se porquê, a canção nacional - ser reconhecido como património imaterial da humanidade, começam a surgir noticias de mais umas quantas putativas candidaturas. O cante alentejano será, provavelmente, uma delas. O bailinho da Madeira, o corridinho do Algarve ou o vira minhoto incluirão, talvez, o lote seguinte.
Enquanto foi o tuga anónimo, quase sempre em iniciativa isolada e de carácter meramente individual, a parvoíce que envolvia este tipo de iniciativa – vulgarmente associada a exibicionismos bacocos - não se configurou como algo de que devêssemos ter vergonha enquanto povo e enquanto país. No entanto, agora, que estas idiotices são promovidas por entidades públicas, a coisa muda de figura. Se calhar, digo eu, em lugar de reconhecimentos que não valem a ponta de um corno e a que a humanidade não liga nenhuma, era capaz de não ser má ideia aplicar o dinheiro que estas palermices custam a cuidar do património material nacional que tão desleixadamente é tratado.

6 comentários:

  1. é isso mesmo, uma parolice de todo o tamanho.

    cptos

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  2. Hehehe nem de propósito, seria o meu próximo post. Primeiro puseram Portugal a fazer coisas gigantes para entrar no Guiness, depois foram as maravilhas de tudo e mais alguma coisa, agora vêm os patrimónios imateriais e culturais. É só esticar a corda.

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  3. Concordo que o património material deveria ser melhor tratado mas acho que este reconhecimento do Fado pode trazer divisas para Portugal.

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  4. PORTUGAL A PATRIMONIO MUNDIAL DOS POBRES

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