quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Empatas

Penso ter, em tempos, escrito qualquer coisa acerca da perplexidade que me causa a estranha e absoluta necessidade daquelas pessoas que não têm ocupação nem horário a cumprir – porque estão reformadas, desempregadas ou por outro motivo qualquer que não é para aqui chamado – e, apesar disso, escolhem precisamente a hora de almoço, ali entre o meio dia e meia e as treze horas, para fazer as suas compras diárias. Volto hoje ao tema porque continuo a acreditar, mas isso sou eu a dizer, que não custava nada tratar da aquisição dos bens essenciais à sua subsistência aí pelas dez da manhã. Ou pelas onze, vá. Até porque não acredito que seja gente para prolongar manhã dentro a sua estadia na cama. De resto para deitar cedo e tarde erguer boa companhia se há-de ter e não me parece que seja o caso. 
Isto aplica-se especialmente às senhoras de idade mais avançada. O que, estando Estremoz cheio delas, assume proporções alarmantes. Tenho o maior respeito pelas velhotas. Até porque, não tarda, serei tão velho como elas são agora e, quase de certeza, ainda mais chato e rabugento. Mas, confesso, causa-me uma especial irritação sair do emprego e ver os minutos da minha hora de almoço esvaírem-se na fila da padaria, do talho ou do supermercado porque, à minha frente, umas quantas velhinhas - ou outros desocupados - escolheram exactamente aquela altura para fazer o que podiam ter feito nas três horas anteriores. Isto porque, ao contrário delas, não posso ficar a degustar tranquilamente a minha refeição pela tarde fora. 
Se viver o suficiente para isso, vou vingar-me. Hei-de fazer o mesmo. Talvez, até, pior. Depois de fazer as compras passear-me-ei de carro pela cidade. A dez à hora. Só para chatear aqueles malucos apressados, que insistem em cumprir horários, e que vão atrasados para o emprego porque perderam parte da hora de almoço empatados por quem podia fazer compras noutro horário.

1 comentário:

  1. Olha meu amigo se gargalhada pagasse imposto tinha acabado de entrar em falência.

    Sou reformada, sou velhota, deito-me cedo e levanto-me cedo e faço as minhas compras quase na abertura dos estabelecimentos para evitar precisamente o que escreves com o qual nunca atinei, mas entendo que os mais velhos que eu adoram ficar em casa e irem quando está menos frio ou sei lá porquê. E quando se po~em a falar? aiiiiiiiiii jasus:)
    A minha mãe tem 81 anos, felizmente autónoma e na sua casinha aqui bem perto e quando saimos (uma vez por semana) é sempre depois das 14h. Compra por atacado, congela o pão, etc. etc. Deita-se às 3/4 da manhã, lê imenso e vê os programas dela e só se levanta às 13h ou 14h, quando não tem que sair:)

    Já na caixa, ela e as duas amigas e vizinhas, todas quase com a mesma idade, todas dão prioridade aos novos porque dizem que têm mais que fazer e eu à espera:) numa seca que...enfim...amaino com resmas de paciência!

    Agora, seu vingativo a "dez à hora só para chatear" és mesmo mauzinho:):):)

    Um abraço

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