domingo, 18 de julho de 2010

Teorias desadaptadas

Acho piada a algumas teorias todas modernaças que advogam a “adopção” de idosos por parte de famílias que se candidatem a recebê-los em suas casas a troco de uma compensação monetária. A intenção não é nova e está prevista, tanto quanto julgo saber, em legislação produzida na década de noventa. O seu sucesso, se medido pelo número de adopções, está como seria de prever, muito aquém daquilo que provavelmente esperariam os iluminados autores da ideia e revela, entre outras coisas, a diferença abissal entre o mundo de quem delineia estas estratégias e a realidade da vida diária dos portugueses. 
Assistentes sociais e outros técnicos de acção social são, acredito, pessoas com bom coração. Idealizaram, ou fizeram-lhes acreditar durante a sua formação académica, que o mundo é cor de rosa, povoado por anjos e fadas, onde todos, desde que tenham emprego e não pertençam a uma minoria étnica, são privilegiados. O reflexo disso é a triste situação em que se encontram muitos dos nossos velhos, sem lugares em lares, sozinhos, seja na sua ou na casa dos filhos enquanto, muito por graça dessa gentinha, o país vai esbanjando recursos com quem não trabalha, nunca trabalhou nem tenciona vir a trabalhar. 
A adopção de idosos dificilmente vingará no actual contexto sócio-familiar. A menos que no rol de potenciais adoptáveis se incluam algumas – ou alguns, conforme os gostos – frequentadoras das chamadas academias seniores. É que, como já referi noutra ocasião, ainda por lá há quem faça uma perninha nos juniores. Ou, como diria o meu avô, capaz de levar meias solas.

2 comentários:

  1. Também sou do mesmo parecer. Quem adoptar os idosos tem de ter doses de paciência infinita, tempo, disponibilidade, força ou jeito para os mover se for caso disso. É evidente que, nos dias de hoje, todos esses itens escasseiam para os da família, quanto mais para os de fora.
    Essa gentinha que acredita que isso é possivel, deve viver no país da Alice das Maravilhas.
    Enfim...

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  2. Já conheço várias pessoas que ajudam vizinhos e os acompanham até à morte. Depois é a familia que nunca lhes prestou qualquer assistência nem os visitavam ficam foribundos de raiva porque os velhotes (detesto a palavra idoso) deixaram os bens a quem tratou deles com todo o amor. Há aqui dois casos e quem tratou deles ficou completamente espantado quando foram chamados a tribunal para saberem o "teor de um testamento deixado".

    Agora esta adopção( figurativo) poderá funcionar, como funciona com familias de acolhimento, mas no meio existem pessoas que só olham ao que recebem e quantos mais tiverem melhor. Há que haver uma inspecção...mas as inspecções da Segurança Social quase sempre nunca funcionam ou funcionam mal!

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