Acho piada a algumas teorias todas modernaças que advogam a “adopção” de idosos por parte de famílias que se candidatem a recebê-los em suas casas a troco de uma compensação monetária. A intenção não é nova e está prevista, tanto quanto julgo saber, em legislação produzida na década de noventa. O seu sucesso, se medido pelo número de adopções, está como seria de prever, muito aquém daquilo que provavelmente esperariam os iluminados autores da ideia e revela, entre outras coisas, a diferença abissal entre o mundo de quem delineia estas estratégias e a realidade da vida diária dos portugueses.
Assistentes sociais e outros técnicos de acção social são, acredito, pessoas com bom coração. Idealizaram, ou fizeram-lhes acreditar durante a sua formação académica, que o mundo é cor de rosa, povoado por anjos e fadas, onde todos, desde que tenham emprego e não pertençam a uma minoria étnica, são privilegiados. O reflexo disso é a triste situação em que se encontram muitos dos nossos velhos, sem lugares em lares, sozinhos, seja na sua ou na casa dos filhos enquanto, muito por graça dessa gentinha, o país vai esbanjando recursos com quem não trabalha, nunca trabalhou nem tenciona vir a trabalhar.
A adopção de idosos dificilmente vingará no actual contexto sócio-familiar. A menos que no rol de potenciais adoptáveis se incluam algumas – ou alguns, conforme os gostos – frequentadoras das chamadas academias seniores. É que, como já referi noutra ocasião, ainda por lá há quem faça uma perninha nos juniores. Ou, como diria o meu avô, capaz de levar meias solas.
Também sou do mesmo parecer. Quem adoptar os idosos tem de ter doses de paciência infinita, tempo, disponibilidade, força ou jeito para os mover se for caso disso. É evidente que, nos dias de hoje, todos esses itens escasseiam para os da família, quanto mais para os de fora.
ResponderEliminarEssa gentinha que acredita que isso é possivel, deve viver no país da Alice das Maravilhas.
Enfim...
Já conheço várias pessoas que ajudam vizinhos e os acompanham até à morte. Depois é a familia que nunca lhes prestou qualquer assistência nem os visitavam ficam foribundos de raiva porque os velhotes (detesto a palavra idoso) deixaram os bens a quem tratou deles com todo o amor. Há aqui dois casos e quem tratou deles ficou completamente espantado quando foram chamados a tribunal para saberem o "teor de um testamento deixado".
ResponderEliminarAgora esta adopção( figurativo) poderá funcionar, como funciona com familias de acolhimento, mas no meio existem pessoas que só olham ao que recebem e quantos mais tiverem melhor. Há que haver uma inspecção...mas as inspecções da Segurança Social quase sempre nunca funcionam ou funcionam mal!