segunda-feira, 26 de julho de 2010

A culpa é da bolha. Ou não.

Terá acabado, segundo alguns, o tempo do crédito fácil e barato. Motiva isso, segundo outros, que os portugueses estejam já a preferir – obrigados é capaz de ser mais ajustado - optar pelo mercado do arrendamento quando se trata de arranjar um lugar para viver. Tudo isto tem originado imensa discussão em torno das vantagens e desvantagens entre comprar ou alugar uma casa. Os custos, a todos os níveis, de uma e outra opção tem sido os argumentos mais esgrimidos, bem como o que deverá ser feito e que medidas deverão ser adoptadas para fazer adequar os preços, ainda demasiadamente altos, praticados pelos senhorios. 
A maior parte dos intervenientes nestas discussões argumenta que o congelamento das rendas durante muitos anos, que levou à degradação dos centros urbanos e consequente escassez de fogos para colocar no mercado, foi a principal causa do actual estado de coisas. A sua recuperação constitui, dizem, a chave para a reabilitação das cidades e o funcionamento pleno do sector do arrendamento urbano. 
Também nisto tem as autarquias um papel fundamental a desempenhar. E muitas estão, de facto, a fazê-lo. Da pior forma possível. Para além das conhecidas dificuldades burocráticas por que passa quem pretende recuperar um prédio, são muitas as Câmaras que, como prémio, cobram uma taxa urbanística - ou lá como lhes chamam – de valor que faz muito boa gente desistir ou ficar com vontade de apertar as goelas a alguém, porque, imagine-se, vai beneficiar das infraestruturas já existentes! 
Há também municípios que optam por aplicar uma taxa agravada de IMI aos prédios devolutos. O que, à partida, até parece ser uma opção razoável visando incentivar os proprietários a arrendar ou vender o imóvel – e assim obstar à degradação do mesmo, enquanto entram mais uns euros nos cofres da autarquia – pode revelar-se, nomeadamente quando aplicada no interior do país, um autêntico assalto aos donos dos imóveis. O crescente abandono e desertificação das cidades e vilas faz com que não haja interessados em número suficiente para as casas devolutas, pelo que não se justifica penalizar ainda mais quem já é amplamente prejudicado por ter em mãos um património que não consegue rentabilizar. 
Se nos principais centros urbanos, devido à pressão urbanística e à crescente procura de casas para arrendar dada a impossibilidade de cada vez mais pessoas terem habitação própria, esta medida até pode fazer sentido, no resto do país aplicá-la é uma  opção que fica a dever bastante à inteligência. Se calhar – digo eu que frequentemente sou acometido de ideias que até a mim assustam – o melhor seria expropriar os prédios, deitá-los abaixo e fazer zonas verdes ou alargar ruas e passeios. Provavelmente muitos proprietários até agradeciam e, no mercado habitacional, a sua falta não seria notada.

3 comentários:

  1. Tens razão no que expões e é caso para dizer que é preso por ter cão ou não ter...

    Mas também te digo algo que no "tempo das vacas gordas" ninguém levantou o problema junto das Câmaras e ou estavam todos coniventes ou não houve qualquer denúncia por parte dos inquilinos: os subsidios dados para recuperação dos prédios foram usados pelos proprietários em mil e uma coisa, muitos até nos seus palácios...e houve alguma fiscalização?

    Outra coisa: em Lisboa e não só existem casas antigas cujo inquilino paga uma ninharia, mas têm quartos alugados aos estudantes...e houve alguma fiscalização?

    Aqui em Sintra há várias casas degradadas e pertencem ao regedor tal, ao conde y e os herdeiros estão-se maribando para o ninho de ratos e trampa, o cuidado é apenas acimentar portas e janelas...e houve alguma fiscalização?

    Enfim...é o Portugal que temos e sinceramente não conheço a realidade do interior, mas quando passo olho para o que está em total abandono e lamento!

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  2. apesar as custas,comprar seja melhor

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  3. Concordo consigo. O problema começou há muitos anos. Os autarcas alinharam na especulação com os terrenos e contribuiram para o abandono e degradação dos edifícios habitacionais, inclusivé os que são propriedade dos municípios. Este País não tem rumo há mais de meio século e assim continua. Teremos um futuro muito negro.
    Tremoceiro

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