Há muita gente com ideias esquisitas. Coisa que é perfeitamente natural e que constitui um direito inalienável de qualquer cidadão. Pelo menos por enquanto. O pior é quando o cidadão que tem ideias esquisitas tem algum poder para levar a sua ideia esquisita avante, camarada. E digo camarada porque foi um deputado do Partido socialista que veio hoje a público com a necessidade de implementar medidas inovadoras – o nome que eles usam para justificar a idiotice das sua ideias – como por exemplo eliminar uns quantos feriados e acabar com aquilo a que se convencionou chamar “pontes”. Aqueles dias entre feriados e fins-de-semana em que a malta mete um dia a descontar nas férias mas que uma certa cambada de imbecis ainda não percebeu que é um dia que deixa de ser gozado noutra altura não aumentando por isso os dias em que se não trabalha.
Entre outros argumentos, garante o perspicaz representante do povo que tal medida representaria um ganho médio de dois por cento no Produto Interno Bruto, o que proporcionaria aos trabalhadores portugueses usufruírem de um salário mínimo substancialmente mais alto e aos pensionistas de reformas mais elevadas. Uma maravilha, portanto. Obviamente que o camarada deputado terá feito as contas, pelo menos de cabeça, antes de vir a público apresentar tal proposta. Outra coisa não seria de esperar de alguém que se quer sério, honesto e que está no lugar que ocupa para defender os interesses de quem o elegeu, ao serviço de quem coloca toda a sua inteligência e capacidade intelectual. Por mais reduzida que seja.
Certamente o homem terá chegado aos valores que divulgou ponderando o impacto que a eventual implementação desta ideia teria na indústria hoteleira e em todos os sectores ligados ao lazer e ao turismo, quer a nível de remunerações dos trabalhadores ou até mesmo da existência de muitos postos de trabalho no ramo. Igualmente não terá escapado à sua argúcia que o fim das chamadas “pontes” não representaria nem mais dia um trabalho, ou para produzir. Existiriam, isso sim, menos dias para consumir, coisa que outros pretendem que façamos.
Apetecia-me, por fim, manifestar a minha estranheza por ser um deputado a sugerir que os portugueses trabalhem mais - vindo de quem vem não deixa de ser irónico - mas não o faço, seria demagógico e pouco respeitoso para quem, como o pessoal lá do parlamento, já tem um horário semanal de trabalho tão prolongado. E também porque não tenho tempo. Amanhã é feriado cá na terra e no outro dia faço ponte.
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