Ironicamente nos anos loucos de setenta e quatro e setenta e cinco em pleno PREC, quando no país reinava a mais completa desorganização, todos os dias surgiam novas “organizações” que, cada uma à sua maneira, contribuía para desorganizar mais um bocadinho uma sociedade à deriva e sem saber ao certo o que o que fazer com a liberdade que lhe tinha sido dada. Sim dada, porque essa história de ter sido conquistada é uma grande treta…
Os militares, também eles, associavam-se segundo as mais diversas tendências e cada uma não hesitava em dar conta da sua existência e dos princípios que defendia para o país. Emitiam comunicados, que eram amplamente divulgados pelos meios de comunicação social, onde se escreviam coisas que hoje, vistas com um distanciamento de trinta e cinco anos, não passam de disparates desprovidos de qualquer sentido. De um “manifesto” aos soldados, marinheiros, classe operária e povo trabalhador em geral, publicado por uns auto-intitulados “Oficiais Revolucionários” em Novembro de mil novecentos e setenta e cinco, destaco as seguintes alarvidades:
“…foram dados passos importantes no sentido da organização autónoma da classe operária e do povo trabalhador”;
“A saída para a crise (já havia crise nessa altura) está pois na construção dum poder revolucionário assente num programa de unidade revolucionária”;
“Os trabalhadores só serão capazes de conquistar o poder e de o aguentarem nas mãos se estiverem armados”;
“Só o armamento dos trabalhadores e a sua organização com os soldados, formando um exército revolucionário, pode impedir a organização da burguesia”;
“Não admitimos mais conspirações de gabinete, alheias à organização dos trabalhadores e dos soldados”;
“Não admitimos mais as manobras dos políticos…”;
“É da base e para a base dos trabalhadores, que o poder tem de vir e tem que ir”.
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