Não vou aqui fazer nenhum balanço do que foram os quatro anos de governo socrático que hoje se completam. Apesar de este ser um espaço reconhecidamente pouco sério, merecedor de pouco crédito e onde se privilegiam temas menores, logo parecer o lugar indicado para o fazer, vou resistir à tentação, que é muita, diga-se, de dedicar umas quantas linhas a analisar o que tem sido a acção governativa neste longo quadriénio.
Em vez disso deixo apenas algumas perguntas. Todas de fácil resposta, creio. Até mesmo para aqueles, muitos a julgar pelas sondagens que teimam em colocá-lo perto de nova maioria absoluta, que ainda pensam ser José Sócrates o Ser perfeito e iluminado que, como nenhum outro antes dele, exala competência e irradia sabedoria na condução dos destinos do país. A esses, pergunto se Portugal é hoje um lugar melhor, em que se vive com mais qualidade e onde os cidadãos, nomeadamente do interior do país, têm acesso a mais e melhores serviços. Tenho igualmente curiosidade em saber se os apaniguados do primeiro-ministro entenderão que valeram a pena todas as guerras travadas contra inúmeros sectores da sociedade, bem como a permanente instigação aos sentimentos de inveja de parte da população contra os diversos grupos profissionais ou sociais onde se pretendia intervir. Será que os resultados obtidos com essa intervenção, se é que os houve, contribuíram para melhorar o seu desempenho, para a prestação de melhores serviços aos portugueses e contribuíram decisivamente para o bem-estar geral? Portugal é hoje um país onde há mais liberdade, mais respeito pela opinião alheia e em que qualquer um pode expressar-se sem antes ponderar se aquilo que vai dizer ou escrever desagrada ao chefe?
Nestes quatro anos assistiu-se também, como nunca se tinha assistido em Portugal, ao culto do líder. O Partido Socialista, a quem os portugueses muito devem e com um passado de luta pela liberdade pouco comum entre os seus congéneres, está refém dos humores do seu secretário-geral e respectivo séquito. Transformou-se num partido onde broncos que gostam de malhar, comunistas arrependidos, ex-esquerdistas à procura de tacho, mantêm em sentido verdadeiros democratas, socialistas de sempre e figuras ímpares da família socialista. Mas deles, apesar da fanfarronice que agora evidenciam, não rezará a história.
Um bom lider, para mim, é aquele que fala a verdade directa e que dá o corpo ao manifesto. Esse, quando aparecer, terá o meu voto. Se aparecer...
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