O Estado português – todos nós, bem vistas as coisas – arrisca-se a ser penalizado por insistir em não seguir a imposição da Comissão Europeia que obriga à cobrança de iva à taxa de vinte por cento na travessia da Ponte Vinte Cinco de Abril. Trata-se de uma exigência antiga a que todos os governos têm, ao longo dos últimos anos, evitado dar cumprimento. E compreende-se porquê. Foi na Ponte que o cavaquismo se começou a desmoronar e, por isso, todos os executivos vão, com recursos e outras manigâncias, adiando até que possam uma medida que lhes custará muitos votos e, provavelmente, a sua queda.
Enquanto isso os portugueses que não passam na ponte vão contribuindo para minorar os custos daqueles que pelas mais diversas razões, muitas nem sempre defensáveis, optam pelo transporte próprio em detrimento do colectivo. Este último quase sempre mais barato e alvo num passado mais ou menos recente de avultados investimentos, principalmente o comboio, que muito caro saiu aos portugueses. Passem ou não na Ponte.
Pena que esta opção pela taxa reduzida não se aplique quanto a outras matérias. Veja-se, a título de exemplo, o caso do gás. Bruxelas pretende uniformizar o imposto sobre o valor acrescentado – vinte por cento - que incide sobre o gás butano e propano em garrafa, com o do gás natural, que é de cinco por cento. No entanto o governo faz finca-pé e mantém-se intransigente não acatando as recomendações da Comissão Europeia originando que, para além de ter de carregar com as botijas às costas por não disporem de acesso à rede de gás natural, os portugueses do interior ainda sofram a discriminação fiscal de pagar mais quinze por cento de imposto pelo gás que consomem.
Em tempo de incontáveis medidas contra a crise, muitas de eficácia duvidosa, era capaz de ser boa altura para acatar a proposta europeia. Não sei, digo eu!
Acho que os portugueses do interior até preferiam pagar menos 15% de iva na bilha do gás, do que ter a bilha carregada por tão grande beldade...
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