A acreditar em determinadas estratégias, em Portugal campeia a instrumentalização e proliferam os instrumentalizadores. Vejam-se as muitas centenas de milhares de instrumentalizados que nos últimos anos tem saído à rua manifestando o seu protesto pelas opções governativas. Coisas que se pensavam legitimas em democracia mas que, afinal, ao que afirmam alguns que aparentam sofrer da síndrome da avestruz - ou do Kalimero segundo outros diagnósticos – não passam de manobras difamatórias e de campanha negras (detecto aqui uma pontinha de racismo que analisarei noutra ocasião) orquestradas pelas forças mais reaccionárias e mais conservadoras que há memória.
Para existirem instrumentalizados terão de, forçosamente, existir instrumentalizadores. Mas, quer uma quer outra condição quase nunca são assumidas e, mesmo fazendo um assinalável esforço de memória, recordo-me apenas de dois assumidos militantes da mesquinha arte da instrumentalização. Logo a seguir ao Vinte cinco de Abril surgiu Arnaldo Matos, o auto proclamado instrumentalizador da classe operária e mais recentemente Santos Silva ex-militante de causas revolucionárias que continua a tentar instrumentalizar os seus correligionários para a distinta tarefa de malhar nos porcos facistas. Ou seja, todos aqueles que não abanam a cauda ao divino e iluminado líder detentor de toda a sabedoria e fonte da suprema virtude.
Até agora apenas as pessoas parecem estar a ser vitimas desse processo, talvez campanha, de instrumentalização. As instituições não aparentam padecer deste mal e apresentam-se rigorosamente independentes e à margem dos avanços – se é que os há - por parte de alguns instrumentalizadores mais descarados. É por isso que considero grotesco e abusivo tentar associar isto a qualquer tipo de instrumentalização. Ninguém em seu perfeito juízo o faria. Nem eu.
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