Não era preciso ser bruxo nem
possuidor dons adivinhatórios para saber que o resultado da brutal austeridade
que está a ser imposta aos portugueses não seria muito diferente daquilo a que
estamos a assistir. Houve, no entanto, parvos que não perceberam. E não me
refiro aos que estão agora no governo nem aos que lá estiveram antes. Esses
sabiam que as consequências seriam estas e este era o resultado que pretendiam.
O que me surpreende é não assistir à penitência de todos aqueles que nos
jornais, televisões, blogues ou em simples cavaqueira de café, defenderam esta
politica suicida. Ou, se calhar, homicida. Porque, no fundo, o que se trata é
de aniquilar a economia nacional e, por consequência, um número significativo
de portugueses.
Causa-me, também, algumas náuseas a
forma como é discutida a questão dos subsídios de férias e Natal dos
funcionários públicos pela esmagadora maioria dos paineleiros. Todos,
alegadamente, especialistas em medidas que nos hão-de tirar da crise. Ainda
estou por perceber a razão porque escapa a esta gente que cerca de cinquenta
por cento da alegada poupança constitui receita directa do Estado e da parte
restante um valor significativo voltaria aos cofres públicos através do
consumo. Ou, pior, porque raio nenhum deles denuncia que relativamente aos
trabalhadores da administração local esse dinheiro vai apenas servir para os
municípios e freguesias gastarem como muito bem entenderem, porque o governo
vai transferir exactamente o mesmo valor.
Como sempre afirmei, a poupança com
este corte é em termos orçamentais – ponderados os valores da despesa que fica
por pagar e a receita por cobrar – praticamente residual. Envolve, antes, muita
demagogia, populismo e uma mal disfarçada vontade de colocar uns portugueses
contra os outros. Ou, como diria um fulano que em tempo entendia que outros
tinham que nascer duas vezes para serem mais honestos do que ele, “temos é de
nos preocupar com o desemprego”. É, sem dúvida, verdade. Mas uma coisa não
desculpa a outra. E misturar as duas parece-me vagamente estúpido. Pelas razões
expostas e, principalmente, pela falta de argumentos para as rebater.
... e estamos entregues a estes bichos!!
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