domingo, 8 de abril de 2012

Era uma vez o progresso.





Ainda que para muitos a destruição da linha de caminho de ferro tenha constituído um erro colossal – o futuro se encarregará, ou não, de o confirmar – a verdade é que a cidade, no imediato, fica a ganhar com a construção deste novo arruamento já, parcialmente, aberto ao trânsito. É um espaço de que até agora os cidadãos não podiam desfrutar, contribuirá para a melhoria da circulação automóvel dentro da cidade e permite um acesso muito mais rápido à zona industrial. Para além de ter requalificado uma área que começava a evidenciar uma preocupante degradação que, mais cedo ou mais tarde, traria consigo problemas de segurança.
Dispensava-se, digo eu que não percebo nada disto, era a ironia de ornamentar a rotunda onde se inicia – ou termina, dependendo do ponto de vista – o dito arruamento, com material alusivo à via-férrea agora destruída. Tratar-se-á de uma homenagem póstuma para nos recordar que ali já existiu uma infra-estrutura que, em determinada altura da história, foi um símbolo do progresso. Mas será, também, mais um motivo que contribuirá para que todos os que por ali vão passar se questionem se a opção foi a melhor.
Por outro lado esta decoração constituirá um enorme desafio para os coleccionadores. E são muitos os que passam por ali. Eventualmente alguns até podem ter residência por perto. Sabe-se que o metal é muito procurado, constitui hoje um bem facilmente transaccionável e aquela coisa ainda deve pesar um quilitos jeitosos. O que a fará render uma quantia simpática. Tudo para, na calada de uma qualquer noite, ser recolhido pela malta que se dedica à angariação de fundos através de esquemas manhosos. Por mais pregado que esteja ao chão desconfio, especialmente a traquitana amarela, não se vai aguentar muito tempo naquele lugar.

1 comentário:

  1. A brincar... a brincar... deves estar carregadinho de razão!!
    E qualquer dia ... acontece!

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