quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fumaças

Há quem diga que é do calor. Outros garantem que está tudo doido. Por mim acho que é do fumo. Não daquele fumo que os muitos incêndios ocorridos nos últimos dias tem libertado para a atmosfera, mas o resultante das substâncias que muito boa gente – se calhar não tão boa assim – anda por aí a fumar. Refiro-me às declarações que, ultimamente, uns quantos figurões não se tem coibido de proferir acerca da vaga de fogos que assola o país. 
Comecemos pelas causas. Parece que a culpa é dos malandros dos proprietários - esses fascistas latifundiários - que não limpam as matas e os terrenos de que são donos. Talvez. Um espaço desabitado, coberto pelo matagal, situado num ermo e sem acessos fáceis, constitui de facto um potencial foco de incêndio. Nomeadamente por volta das três da madrugada. Hora a que, mais coisa menos coisa, ocorrem inúmeras ignições. O que se compreende. A natureza tem destas coisas e depois o matagal está ali mesmo a pedi-las. 
As soluções preconizadas revelam igualmente uma preocupante presença de alucinogéneos a influenciar o discurso daqueles que as emitem. A começar pelo Ministro da Agricultura. A ideia de nacionalizar os terrenos que os desleixados, mas legítimos - convém recordar – proprietários, não limparem vai ficar para a triste história das patetices protagonizadas pelo actual governo. 
Não menos hilariante – até um pouco mais, sejamos justos – é a proposta do Bloco de Esquerda. O que não constitui surpresa dada a propensão daquela maralha para fumar coisas esquisitas. Só alguém com uma imaginação delirante – parvo, pronto – imaginaria um banco de terras público para prevenir os incêndios. Assim uma espécie de reforma agrária dos tempos modernos em que a terra voltaria a ser de quem a limpasse. O Bando de Esquerda não adianta pormenores acerca de quem iria trabalhar os terrenos que passariam para o tal banco mas, conhecendo-se a sua posição acerca do assunto, desempregados e malta do RSI não seriam de certeza.

5 comentários:

  1. Tu realmente escreves de uma forma sobre situações dramáticas que provoca em mim um estalar de gargalhadas - que me perdoem quem sente na pele a perca de tudo - (o que já senti mas pela guerra civil).

    Destaco este pedacinho:))):"Nomeadamente por volta das três da madrugada. Hora a que, mais coisa menos coisa, ocorrem inúmeras ignições. O que se compreende. A natureza tem destas coisas e depois o matagal está ali mesmo a pedi-las." é que à noite todos os gatos são pardos:)))))

    A bacorada do pequenote do M.Agricultora ficará na história...mas pior ainda são "os disparates constantes e com ar de mansinho-paninhos-quentes" do despenteado do M.Administração Interna.

    Quanto ao Bando da Esquerda nem dá para comentar.

    Mais vale ler o teu "noticiário" do que propriamente a imprensa escrita!

    Parabéns e nunca deixes de escrever!

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  2. "Nomeadamente por volta das três da madrugada. Hora a que, mais coisa menos coisa, ocorrem inúmeras ignições."

    Por isso é que evito tomar banhos de Sol nessas malignas horas de mais calor... todo o cuidado é pouco!

    E, como é que o BE ainda não se lembrou de propor uma lei que permitisse o cultivo de cannabis nos terrenos desleixados?
    Certamente que o numero de fogos seria bem menor...

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  3. Kruzes, eu sou uma dessas latifundiárias mesmo mesmo desleixadinhas. Não trato do matagal dos meus terrenos... porque estão inseridos no Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano!
    Mal de mim se mando uma máquina aceirar os meus terrenos... mal de mim se levanto a caruma dos pinheiros bravos... sou logo multada! Porque temos que "preservar" a natureza!!
    E sem falar que os srs. do Parque, numa atitude nobre decidiram fazer culturas no meu terreno para alimentar coelhinhos e afins, mas esqueceram-se de um pequeno pormenor... o de me avisar, que sou a proprietária! pelo menos diziam alguma coisa, não! Porque eu adoro coelhinhos e não os quero ver passar fomeca!
    Mas para bem ou para o mal sou eu que consto como proprietária e sou eu que pago anualmente o IMI...
    E até para os escuteiros de Aljezur poderem acampar no meu terreno tive que declarar que os autorizava a pernoitar no perímetro da "minha" propriedade...

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  4. Lembrei-me de comentar o seu post, mas neste momento correm-me lágrimas pela face o que me dificulta a visão, e a minha respiração tornou-se demasiado ofegante devido ao ataque de riso que me proporcionou.
    Obrigada Sr. Kruzinhas pelos posts completamente descabidos que publica.
    É um belo blog para dias deprimentes!
    Por favor não pare, precisamos de gente bem disposta (Frustrada, mas bem disposta)!

    Turrinhas

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  5. Gostei de ler este teu cravo na Kruzes

    Essa do Bando da esquerda tà boa, se calhar o ministro da Agricultura é do Bando da Esquerda, nunca se sabe.

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