O nível de
conhecimento acerca dos seus direitos evidenciado pelos portugueses é
verdadeiramente notável. Raro é o dia em que nas televisões não aparece alguém
a reclamar “os meus direitos”, por vezes em circunstâncias dramáticas –
reconheça-se – mas com um tom, por mais justo que seja aquilo que reclama – e,
sublinho, admito que a matéria reclamada constitua algo da mais elementar justiça
– dá logo vontade de embirrar. Podiam, acho eu, reclamar tão-somente que se
cumpra o que a lei prevê na situação em causa. Mas não. Enchem a boca com “os
meus direitos” e isso, visto de fora, provoca de imediato a sensação de que a
frase estará incompleta pela falta de alusão à parte dos deveres. Que,
parece-me, devia andar sempre associada aos direitos.
Mas se muitos
terão motivos mais do que suficientes para invocar os seus direitos, outros há
que quando o fazem mais valia estarem calados. Foi o caso de um gajo,
entrevistado por uma televisão que acompanhava a acção de uma equipa de fiscais
da Carris, apanhado a viajar de autocarro sem estar munido do respectivo título
de transporte. O homem, apesar do aspecto parecer evidenciar que não trataria
de alguém especialmente letrado, falou com desenvoltura dos direitos que lhe assistiam,
mostrando um vastíssimo conhecimento da legislação aplicável à infracção que
acabara de cometer. Garantido que pagar a coima não era com ele e que daí não
adviriam consequências de nenhuma espécie.
Somos, parece
licito concluir, um povo que sabemos tudo acerca dos nossos direitos e que, tal como escrevi aqui, adoramos o dever. Assim mesmo. Os primeiros no plural e o
segundo no singular. Somos mesmo espertos.
Mudar mentalidades demora séculos e meu amigo e o que te dizer? Que subscrevo o que dizes, mas acrescento com uma "afirmação"...que quem nos governou e governa, vomitam as leis, desde o Presidente ao simples Município são os primeiros a prevaricar em tudo dando um péssimo exemplo.
ResponderEliminarEnfim!