Também por estes dias o chamado mundo
muçulmano tem andado entretido em manifestações e protestos. Mortos, muitos
feridos e pancadaria da grossa são o resultado da fúria daquela malta em
relação a coisas que consideram importantes. O que, atendendo à qualidade de
vida do cidadão médio daquelas paragens, levará um observador menos atento e
informado acerca do que se passa para aquelas bandas a pensar que o pessoal lá
do sítio estará com vontade de viver melhor. Ou, simplesmente, reivindicará que
as mulheres possam andar na rua vestidas como melhor lhes parecer, que possam
beber umas cervejolas e comer uns coiratos
tranquilamente ou, até, que o profeta aumente o número de virgens à disposição
daqueles que se rebentam em seu nome.
Mas não. Nada disso. Refilam
apenas porque não gostam de uma espécie de filme manhoso colocado nas redes
sociais por um qualquer palerma que não tinha mais nada para fazer e, de
repente, se lembrou de filmar umas cenas a gozar com o Maomé. Coisa que não
viola, porque feita num país ocidental e onde ainda vai havendo liberdade de
expressão, nenhuma lei. Mesmo assim aqueles malucos barbudos e com as
prioridades notoriamente trocadas exigem a cabeça do homem.
O que mais me transtorna não
são os protestos daquela cambada. Nem, sequer, que eles não entendam esse
estranho conceito da liberdade individual. Ou, menos ainda, que por aqueles
lados pareça inconcebível que a alguém seja permitido não ter religião e, até
mesmo, fazer piadolas acerca de uma qualquer divindade. O que verdadeiramente
me inquieta é que por cá sejam muitos a admitir que, embora eu possa chamar
filho da puta ao primeiro-ministro do meu país, não tenha o direito de fazer o
mesmo relativamente a uma entidade imaginária que apenas existirá na cabeça de
uns quantos fulanos mal apessoados que não conheço de lado nenhum.
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