domingo, 16 de setembro de 2012

Multiculturalismo de sentido único



Também por estes dias o chamado mundo muçulmano tem andado entretido em manifestações e protestos. Mortos, muitos feridos e pancadaria da grossa são o resultado da fúria daquela malta em relação a coisas que consideram importantes. O que, atendendo à qualidade de vida do cidadão médio daquelas paragens, levará um observador menos atento e informado acerca do que se passa para aquelas bandas a pensar que o pessoal lá do sítio estará com vontade de viver melhor. Ou, simplesmente, reivindicará que as mulheres possam andar na rua vestidas como melhor lhes parecer, que possam beber umas cervejolas e comer uns coiratos tranquilamente ou, até, que o profeta aumente o número de virgens à disposição daqueles que se rebentam em seu nome.
Mas não. Nada disso. Refilam apenas porque não gostam de uma espécie de filme manhoso colocado nas redes sociais por um qualquer palerma que não tinha mais nada para fazer e, de repente, se lembrou de filmar umas cenas a gozar com o Maomé. Coisa que não viola, porque feita num país ocidental e onde ainda vai havendo liberdade de expressão, nenhuma lei. Mesmo assim aqueles malucos barbudos e com as prioridades notoriamente trocadas exigem a cabeça do homem.
O que mais me transtorna não são os protestos daquela cambada. Nem, sequer, que eles não entendam esse estranho conceito da liberdade individual. Ou, menos ainda, que por aqueles lados pareça inconcebível que a alguém seja permitido não ter religião e, até mesmo, fazer piadolas acerca de uma qualquer divindade. O que verdadeiramente me inquieta é que por cá sejam muitos a admitir que, embora eu possa chamar filho da puta ao primeiro-ministro do meu país, não tenha o direito de fazer o mesmo relativamente a uma entidade imaginária que apenas existirá na cabeça de uns quantos fulanos mal apessoados que não conheço de lado nenhum.

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