Esta crise que
nos atormenta é culpa nossa. De todos os portugueses em geral e de alguns em
particular. Embora, como em tudo na vida, uns sejam mais culpados do que outros
e a esmagadora maioria não passe de miseráveis cúmplices. Grupo este – o último
– em que vergonhosamente me encontro incluído. E nem sequer é pelo facto de, no
passado, ter votado nos que lá estiveram, nos que lá estão agora ou, no futuro
votar nos que hão-de ir para lá continuar a afundar o rectângulo. Digamos que
sou cúmplice porque, cobardemente, nunca fui capaz de espetar um par de murros
nos cornos dos políticos quando eles anunciaram a intenção de realizar as obras
onde esturraram muitos milhares de milhões. Quem diz eu, diz os outros
quinhentos mil que andaram por aí a manifestar-se um destes dias.
Há, depois, a
questão dos princípios pelos quais nos regemos. Achamos, por exemplo, que o
dever está acima de tudo. Ao pagar ninguém dá importância nenhuma e, como toda
a gente sabe, está na nossa escala de valores cá muito por baixo. Fazemos mesmo
gala em afirmar que pagar e morrer é a última coisa que se faz na vida. Temos,
também, em elevada conta aqueles que morrem no cumprimento do dever. Dos que
pagam, desses, nem reza a história. Repare-se igualmente como o pagamento está
sempre associado a uma espécie de penitência. Já o dever é, em muitas
circunstâncias, quase confundido com um direito. Podia continuar por mais umas
linhas a lembrar o quanto o dever é enaltecido entre nós em detrimento do
pagamento. Mas não posso. O dever chama-me.
Faço parte do teu clube e tiro-te o meu chapéu!
ResponderEliminarSó um par de murros? Comigo iam também outras coisas tais:):):)