sábado, 27 de dezembro de 2014

Serviço público vs serviço ao público...

A privatização da TAP tem motivado um frenesim difícil de entender para um leigo como eu nestas coisas. É que, assim de repente, não estou a ver motivos para preocupações de maior. Nem no caso da transportadora aérea nem nas restantes privatizações que desde há trinta anos os sucessivos governos têm vindo, e bem, a fazer.
Sou do tempo em que o Estado não era dono de bancos, seguradoras, empresas de transporte, imobiliárias ou estaleiros navais. E, por mais estranho que isso possa parecer a quem não viveu nesse tempo ou já se esqueceu como era, o país funcionava. Melhor até, em muitas circunstâncias, do que funciona hoje. Convém, também, não esquecer que o Estado não criou nenhuma empresa dos sectores acima referidos. Tratou-se, isso sim, num período de absoluta loucura colectiva de as roubar aos legítimos donos.
Compreendo que algumas elites hoje se sintam preocupadas com o desmantelar do sector empresarial do Estado. A empregabilidade dos desempregados da politica é capaz de, no futuro, ser substancialmente afectada. Já no que respeita ao cidadão comum não estou a ver motivo para preocupação. A não ser, num cenário pós-privatização, já não termos quem em nome da defesa dos nossos interesses não nos preste o serviço que antecipadamente pagámos. Coisa que, obviamente, nos é cara. E muito.

18 comentários:

  1. O grande problema, KK, é que não se sabe o que acontece à privatização no pós privatização.
    Essa é que é essa.
    Bom fim de semana.

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    1. A nacionalização também deu o bonito resultado que se viu...

      Bom fim de semana, Observador!



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    2. Não sabe mas pode bem imaginar, pelo que já aconteceu na história e pela experiência que já existe em Portugal. EDP, REN, PT, CIMPOR, AdP, enfim...

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  2. Concordo, sobretudo, com a sua clara dedução a partir de " A não ser, num cenário..." Se o estado não é bom gestor ( porque as agendas pessoais dos governantes se impõem), temo o domínio dos privados que, acima de tudo buscam o lucro. O valor do trabalho desceu brutalmente enquanto o valor do capital aumentou, gerando, assim, grandes assimetrias sociais: aumentaram os ricos e os pobres e a classe intermédia, a pagante, está a desaparecer. Como podemos confiar na gestão privada com tanto lodaçal por aí?! O ex-ministro de economia, o "Álvaro", no seu livro põe a descoberto o que se passa com grupos económicos no que respeita à elaboração de leis: quando é do seu âmbito, oferecem-se para desenhar as leis.
    Em suma: nada tenho contra a privatização, desde que os governantes saibam preservar os interesses dos cidadãos! Do país.

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    1. O último parágrafo do seu comentário resume tudo o que penso acerca da intervenção do Estado na economia. Não posso estar mais de acordo. Infelizmente as empresas públicas apenas têm servido os interesses das elites e dos partidos políticos. Uns para colocarem os boys e outros para manobrarem os sindicatos.

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    2. Privatizar monopólios é uma coisa assim... digamos... questionável!

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    3. Tudo é questionável...e ainda bem!

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  3. Qualquer Estado que não preserve o "seu poder" em bens essenciais dando tudo "à ganância de privados sobretudo estrangeiros já para não falar nos amigos dos amigos com possíveis colocações quando saírem do poleiro" é um Estado que só pensa no capital e manda para as urtigas o seu povo! A intervenção do Estado actual e de décadas já deu provas que tudo tem sido feito na base que refiro e a prova está à vista de todos!

    Países mais desenvolvidos têm a sua própria transportadora aérea, terrestre, águas, electricidade e gás que são geridas com qualidade e sem fraudes...mas por cá tudo vale em prol do que já disse.

    Tenho é pena que não vendam também o "parlamento com o recheio actual e com jeitinho dos vários antecessores"..

    Beijocas

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    1. Temos uma clara divergência doutrinária quanto a este assunto. Acho exactamente o contrário. Tudo o que referes - excepto a água - pode e deve ser privado. O Estado tem é que regular e actuar sempre que os interesses das populações sejam colocados em causa. De resto é assim na maior parte do mundo civilizado. Veja-se o caso do USA onde, parece-me, não se deve viver assim tão mal a julgar pela quantidade de gente de outros países que faz tudo e mais alguma coisa para ir para lá...

      Bom Domingo!

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    2. Os EUA, esse baluarte do liberalismo económico, tem uma lei que proíbe a venda majoritária de companhias aéreas a estrangeiros. Privatizações sim, para capital estrangeiro NÃO!

      Quanto à sua suposição que nos USA não se deve viver assim tão mal... vale o que vale. São suposições. Uma coisa é a liberdade (que realmente atrai muitas pessoas) e outra é a qualidade de vida (que nos USA não é assim tão boa).

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    3. Vale o que vale é, certo. Tal como todas as opiniões de todas as pessoas. Seja como for não se consta que os cidadãos americanos procurem outros países para emigrar... O que, parece-me, deve significar qualquer coisa. Mas, lá está, é uma suposição que vale o que vale.

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  4. O Estado tem é que regular e actuar sempre que os interesses das populações sejam colocados em causa.
    ........................
    O que disse não é ser contra as "privatizações" mas o que concerne esta tua frase e dá-me um exemplo onde o Estado já interviu nos interesses das populações?

    Olha lá os aumentos que irão entrar em vigor já amanhã? O Estado diz que regula, está bem, está, o melhor é esperar sentada!!!! Seria bem bom se o nosso Estado fosse igual ou parecido com os que referes e sabes qual é a diferença desses países em relação ao nosso? É que 99,9% dos políticos vivem para a política e por cá vivem da política!!!

    Não sei se me fiz entender!

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    1. Uma coisa é regular outra fixar preços. Mas não admira que o Estado não tenha mão nos privados quando nem sequer nas entidades públicas é capaz de controlar. Daí, entre outros motivos, eu achar que privatizar não faz mal absolutamente nenhum.

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    2. Regular o interesse público na TAP é criar mais uma PPP disfarçada. O Caderno de Encargos é isso mesmo. Proteger as rotas, os slots nos aeroportos, o hub em Lisboa durante 10 anos é uma coisa que só vai ficar a cargo de uns: os contribuintes. E questiona-se: ao fim dos 10 anos o que acontece? Portugal acaba? É ridículo!

      Os exemplos estão aí - ANA, EDP, CIMPOR, PT, AdP... enfim... os exemplos deviam ser mais que suficientes para que quem advoga que os privados é que gerem bem enfiassem a viola no saco e fossem cantar para outras paragens.

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    3. Não advogo que todos os privados gerem bem, mas se gerem mal é um problema dos accionistas a que têm de prestar contas.

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    4. e aqui o accionista sou eu e você e os outros portugueses. se não pede contas é um problema da sua cidadania.

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    5. E, a julgar pelos resultados catastróficos dessas empresas, da sua também...

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    6. A direcção privada do hospital Amadora-Sintra abriu falência. Acha que o Estado permitiria tal coisa?
      A ANA aumentou as taxas de aeroporto 7vezes este ano. A EDP continua a aumentar os valores da electricidade e agora vai cobrar uma taxa para pagamento de um compromisso - ao mesmo tempo manter as rendas. A PT vale hoje 10 vezes menos o que valia quando era publica. ...

      A TAP tem derrotado o passivo ano após ano desde 2001.

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