sábado, 13 de dezembro de 2014

A culpa é dos outros, obviamente...

Culpar a fuga aos impostos - a par da ausência de rigor nos gastos do Estado – como a causa de todos os males que nos afectam, não constitui nenhuma descoberta cientifica merecedora de um prémio Nobel. É, apenas, constatar uma realidade que só não vê quem não quer ver. Algo que, apesar de tudo o que tem sido feito – e não é pouco, convenhamos – pela administração fiscal, parece não parar de crescer. Muito por culpa dos portugueses, diga-se. Que, neste como noutros casos, têm o que a sua ignorância os faz merecer.
Há muito que não abordo aqui a questão das facturas com NIF. As mesmas que já terão levado muitos a insultarem-me mentalmente, uns quantos a escarnecer da minha insistência na facturazinha com número de contribuinte sempre que beberrico o café e, por essa blogosfera fora, uma infinidade de gente a considerar esta minha mania de pedir factura absolutamente desprezível e a atirar para o pidesco. Pois graças a essa teimosia terei este ano uma dedução que rondará os trinta euros. Para todos os que me insultaram ou menosprezaram a minha atitude pode, acredito, não significar nada. Ainda bem para eles, mas a mim dão-me jeito.
Estou curioso acerca do comportamento que estes críticos vão adoptar de Janeiro em diante. Com a reforma do IRS vão perder a dedução pessoal que, como calculo que saibam, será substituída pelas “despesas gerais”. Ou seja as tais facturas com NIF que juraram não querer ver nem pintadas. Podem, para manter a coerência e ajudar os que fogem ao fisco, continuar a optar por não as pedir. Mas isso, assim por alto, é capaz de garantir um aumento no IRS a pagar em perto de duzentos euros por contribuinte. Mais um motivo para culpar o Passos, o Portas, a troika, a Merkel e, já agora,o Rato Mickey.

10 comentários:

  1. E é tão fácil culpar os outros:)

    ResponderEliminar
  2. Nos supermercados, bombas de combustível, farmácias e pouco mais, ainda peço factura/recibo com o NIF, mas agora no pequeno comércio local ou em serviços de reparação e conservação, nem pensar!... Nestes, nós só seremos "roubados" pelo IVA se quisermos...
    Abraço
    Compadre Alentejano

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sendo a dedução de 35% e o IVA de 23% é melhor rever o conceito...

      Boa semana Compadre!

      Eliminar
  3. Já fez uma análise sociológica para saber porque há uma economia paralela?
    Se estou desempregado e sei de um ofício e faço uns biscates porque sei da arte e é uma maneira de ir sobrevivendo...Isso é economia paralela? Vou-me colectar par me levarem aquilo que já tirararam ao longo destes anos..
    E depois com esse governo...
    Quero dizer-lhe que continuarei, como até aqui, depois de Janeiro de 2015. Não pedirei qualquer factura com NIF.
    Pedi a um amigo contabilista/economistas que me fizesse as contas e cheguei à conclusão que não beneficiarei nada com isso.

    A. Ferreira

    ResponderEliminar
  4. Pois vale...mas onde está os milhares de milhões gamados pelos que se sabe nos mais diversos processos judiciais que irão para todos ao meu local - nenhures...e que foram sendo permitidos ao longo dos anos?

    Eu peço factura quando acho que devo fazer...agora pedir factura a um casal de velhotes que estão atrás do pequeno caixote com fruta apanhada no seu pequeno quintal? Não e não.

    E já agora...a pouca vergonha que foi sobre os "famosos recibos verdes"? Pagas e pagas bem e só depois é que podes reclamar? Isto anda tudo do avesso. Concordo que se deva combater a corrupção, mas a economia paralela feita por quem tenta sobreviver deveria ser combatida de outra forma: mais emprego, mais transparência, mais...mais...mais...e fico por aqui!

    Um bom dia KK

    Beijocas

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tudo isso vale a outra metade... Quanto ao resto cada um fará as suas opções.

      O exemplo dos velhotes a vender hortaliça é um exemplo comovente e que fica sempre bem invocar nestas circunstâncias. Mas que tem pouco a ver com o escrevi. Repara: Um negócio nesses não movimentará dez mil euros por ano, logo estará isento de iva e deve render tão pouco que - mesmo se fosse declarado - nem pagaria IRS.

      Obviamente que também não peço factura nesse tipo de compra . As importâncias em causa são ridículas e, mesmo no global e sem ter números, não valerão mais do zero virgula zero zero qualquer coisa do bolo que escapa. Já em cafés, restaurantes e afins não me escapa uma. É que senão que se lixa sou eu...


      Eliminar
    2. Não vou a restaurantes e já nem me lembro quando foi a última vez, só vou uma vez por dia ao café e trago duas carcaças e em todas as facturas que já constam nas Finanças vou ter um beneficio de 3,90€

      O que me dana é com a inspecção do carro - OBRIGATÓRIA - no meu caso já paguei quase 30 euros, passou e passaram-me factura e porque é que não consta no site das Finanças? Já perguntei e a resposta foi que não podia porque é obrigatório. Whatiiiiiii???? um dia destes vou inserir essa factura e quero ver o resultado, mas o pior é se sobra para mim e lá se vão os 3,90€ de bónus:):):)
      Será que posso?:):):)

      Beijocas rapaz

      Eliminar
    3. Todas as facturas devem ser reportadas à AT pelo emitente até ao dia 25 do mês seguinte ao da sua emissão. A que não estiverem lá podes, se assim o entenderes, ser tu a fazer o respectivo registo no site. Por causa disso naturalmente que não serás prejudicada em nada. Era o que mais faltava!!!

      No caso em concreto dessa despesa a mesma não dá direito a dedução de 15% do IVA suportado.





      Eliminar