sexta-feira, 17 de julho de 2009

Pontapé na escrita

Esta foto não foi objecto de qualquer tratamento com nenhum programa de fotografia. Tão verdade como não ser minha intenção zombar da pouca instrução de quem terá pintado a indicação de que aquela entrada dará acesso ao local onde, provavelmente, estará recolhido um veículo durante o tempo em que não anda aí a rodar. E essa parte, muito mais do que a escrita arrevesada, é que me inquieta. Quem assim escreve quase de certeza não lerá muito melhor e, mesmo que tenha uma “mão de volante” ao nível de uma qualquer estrela da fórmula um, o seu quase analfabetismo constituirá sempre um perigo para ele e para os outros utentes da via pública.
Quando apenas se questiona a maneira como são atribuídos diplomas do ensino secundário a pessoas praticamente iletradas, que daí não tiram nenhum proveito como é amplamente reconhecido, também não se devia ignorar, e não deixar de condenar com veemência, a forma como em Portugal são distribuídas - parece-me o termo mais indicado - as licenças de condução. A julgar por muita gente que se vê por aí agarrada a um volante não parece abusivo concluir que os exames para a sua obtenção apresentarão um grau de dificuldade muito semelhante aos exames nacionais promovidos pelo Ministério da Dona Lurdes.
Claro que também há muitos que nem perdem tempo com essas ninharias e começam logo a conduzir, mesmo sem estarem na posse do cartãozinho que legalmente os habilita a isso. Veja-se, por exemplo, o caso dos ciganos. Quase todos tem um automóvel, dos bons na sua maioria, e são pouco aqueles que são vistos a ter lições de condução nas escolas autorizadas para o efeito. Mas isso é outra história, sobre a qual nem convém alongar-me. Fazê-lo constituiria com certeza uma espécie de discriminação relativamente a uma minoria socialmente estigmatizada e uma falta de respeito perante tradições culturais fortemente enraizadas na comunidade que contribuem sobremaneira para a riqueza da nossa diversidade cultural e que urgem, por isso, preservar.

4 comentários:

  1. Todos os dias o Português é assassinado. Até por snrs. doutores (não estendidos)e a darem aulas de... português...
    Um dia conto alguns episódios.
    Compadre Alentejano

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  2. Pontapés na escrita é o que por aí mais há. E como diz o Compadre, até por parte de doutores ... serão? bem, devem ser que aqui no meu serviço tenho uma colega jurista que aquilo só visto. Erros dos crassos é ao monte. O mesmo se diga da semeadura de vírgulas que a pobre faz!

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  3. KKzito

    Ora muito beim. De Estremoz é a minha primêra nora/filha, a Margarida Parrêra, perdão, Parreira, filha do Manel Parrêra e da Jaquina Parrêra. O mê compadri, um gajo bué da fixe, é patrão duma empresa de camionagem e de uma construtora civil, vomecê, se calhari, até o conhece.

    Este teu blogue é um espaaantooooooo. Estremocenses unidos jamais serão f..., digo, vencidos - pelos enchidos.

    'tóbrigadinho pla visita à Travessa e plo cumentário (com o). Volta mais vezes, inscreve-te como (per)seguidor e avisa a tua malta para fazer o mesmo, sil us plau (sff em català vernáculo)

    Abs

    PS (sou, mas aqui é só post scriptum) - Atão nã querem lá vêri: a minha Mãe era de Portalegre. Tal tá a moenga!... Kruzes kanhoto...

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  4. Tou farta de "combater" a pseudo literacia do nosso povo!
    Gente com o 12º ano de escolaridade que escreve "pesçina"...
    Se esta CARACEM pertence a algum destes... Que lhe enfie a carapuça!
    Há erros e erros!
    Eu erro! (e agradeço que me corrijam).
    Todos nós erramos... mas assim?
    MFCC

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