terça-feira, 23 de abril de 2013

Ai aguenta, aguenta...


Há, obviamente, espaço para muitos cortes na despesa pública. Todos somos capazes de identificar inúmeras situações de gastos do Estado onde uma valente tesourada seria muitíssimo bem aplicada. Principalmente quando os afectados são os outros. Não fujo, tal como toda a gente, a esta tendência. Reconheço, no entanto e ao contrário da maioria, que isso de cortar em motoristas, gabinetes, mordomias diversas ou no BPN, por mais moralidade que revele, não passa de trocos e é preciso ir muito mais fundo.
Saúde, educação, segurança social e autarquias são alguns dos sectores onde é necessário cortar a sério. Não concebo, por exemplo, que apesar de não haver dinheiro se continuem a fazer abortos - sem ser por motivos de saúde - completamente gratuitos. Ou porque não se privatizam serviços de saúde aplicando o mesmo principio da ADSE. Tenho também dificuldade em perceber que, na educação, não haja coragem – como parece que, afinal, não há – de acabar com aquilo a que chamam actividades de enriquecimento curricular. Ou porque se insiste em construir escolas onde não existem crianças. Faz-me igualmente espécie, quanto à segurança social, que não se mexa nos subsídios de toda a espécie atribuídos sem qualquer controlo. Ou de retirar as reformas, pequenas ou grandes, a quem nunca descontou e tem contas bancárias com muitos zeros do lado certo da virgula. E, no que respeita ao poder local, nem é bom falar da incapacidade de moralizar os autarcas que, alheios ao mundo que os rodeia, continuam a esturrar dinheiro como se não houvesse amanhã.
Um dia, mais cedo do que tarde, com este governo ou com outro – por mais patriótico e de esquerda, seja lá o que for que isso signifique - vamos chocar frontalmente contra um cofre vazio. O que, lamento dizer, não será necessariamente mau. Parece ser a única maneira de, finalmente, percebermos o significado da frase “não há dinheiro”. Pena é que vamos todos no mesmo autocarro. 

3 comentários:

  1. Saúde educação e segurança social, muito bem! então nessa segurança social não está metida a ADSE porquê?
    os privilégios do Funcionários públicos e suas regalias? as mordomias que têm levado ao esgotamento dos impostos que os privados pagam? gostava de saber quem é que cria a riqueza de um país.Tem toda a razão, na minha opinião há que acabar é com todo o Estado, para quem serve este Estado? serve apenas aos seus funcionários e afins, as vitimas somos nós os que são empresários e empregados no chamado privado.
    Temos o resultado, as empresas privadas estão a fechar ou estão na falência, quero ver onde o estado vai buscar o dinheiro. Temos um estado falido, mas o dinheiro está nos bolsos dos seus empregados, são eles que passam as férias, são eles a quem a constituição diz é proibido despedir, serão portugueses de 1ª, parece-me bem que sim!

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  2. Tem (quase) toda a razão. Mas escapou-lhe a referência que fiz à ADSE. Defendo que ao SNS deviam ser aplicados os mesmos princípios. Nomeadamente privatizando os serviços de saúde e o estabelecimento de convénios com o sector privado. Por acaso sabe que a consulta de um beneficiário da ADSE custa ao Estado apenas 20 euros? E que num hospital público consulta idêntica tem um custo de aproximadamente 80 euros? Mas claro que isso não interessa nada. O que importa é acabar com a ADSE e manter um sistema pró-soviético que até, pasme-se, até os liberais defendem...

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