quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Maravilhas do estado social


Quando em Portugal o estado social ainda dava os primeiros passos, a Alemanha e os países nórdicos costumavam ser apontados como exemplo daquilo que por cá se ambicionava - um dia, de preferência não muito distante – poder igualmente usufruir. Lá, dizia-se, um desempregado gozaria de uma protecção social de tal ordem que lhe permitiria, se assim quisesse, passar férias no Algarve. Coisa que então, por mais estranho que agora possa parecer, não estava ao alcance do português médio.
Seria, provavelmente, verdade. Até porque, uns anos mais tarde, nós fizemos melhor. Construímos um estado social que nos permite extravagâncias capazes de envergonhar qualquer boche sem emprego que se lembre de rumar a terras algarvias. Por cá não faltam desempregados, reformados que pouco ou nada contribuíram para o sistema de pensões e beneficiários do RSI a fazer uma vida de meter inveja ao nórdico dos anos setenta. Férias, empregada doméstica, apartamentos em zonas balneares ou viaturas topo de gama são apenas alguns dos pequenos luxos que o estado social lhes proporciona.
Podem, admito, não ser aos milhões aqueles a quem o país proporciona este magnifico estilo de vida. Constituem, naturalmente, uma parcela que nem de longe representa o perfil tisico do desempregado, reformado ou beneficiário do RSI. São, contudo, mais do que podemos suportar. E o pior – também o mais irritante – é que consideram que devem ficar imunes à crise e às medidas que – bem ou mal, não vem ao caso – têm vindo a ser implementadas e que afectam os restantes cidadãos. Devem ser direitos adquiridos. Ou coisa parecida.

1 comentário:

  1. Tal e qual...e contra esses é o tocas ou cortas!!!!! Que raiva!

    Beijocas

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