Colocar
os portugueses uns contra os outros foi a estratégia da governação
Sócrates. Nisto, como noutras coisas, o actual governo manteve o
rumo. Aprimorou-o, sejamos justos. De tal forma que, a levar a sua
avante, vai pela primeira vez provocar brechas insanáveis entre os
autarcas nacionais. Classe que até agora, salvo um outro arrufo mais
exacerbado neste ou naquele congresso, se tem mantido unida em torno
do direito inalienável de governar sem preocupações quanto a essa
cena, relativamente aborrecida, que envolve fazer a vida apenas a
contar com o que se pode pagar num período de tempo que não cause
chatices ao credor. Ou ao contribuinte.
A
proposta de lei das finanças locais ontem aprovada em conselho de
ministros, para além de evidentemente vir a ser considerada
inconstitucional, é um magnifico exemplo da arte de bem colocar em
confronto interesses contraditórios. A ideia de mutualizar a divida
autárquica, prevista no articulado da lei, é simplesmente genial.
Vai obrigar os municípios bem geridos e sem dividas a contribuir
para pagar os calotes provocados por gestões desastrosas de outros.
Com tudo o que isso implicará. E que facilmente se adivinha...
Por
outro lado será difícil a um larguíssimo conjunto de sectores da
sociedade portuguesa – desde políticos, tanto da oposição como
da situação, a comentadores e outros fazedores de opinião –
discordar deste conceito de mutualização da divida em que os mais
ricos apoiam os mais pobres. É assim uma espécie de solidariedade
tão do agrado de uns quantos. Algo que me recorda o tempo – um
dias destes, ainda - em que quase toda a gente andava por aí a
falar de eurobonds como solução milagrosa para a crise e que exigia
que a Alemanha fosse solidária com os países em dificuldade.
Pagasse parte da divida, portanto.
Eu,
que nunca partilhei dessas ideias parvas, manifesto desde já o meu
desagrado com essa jogada do governo. Vá lá saber-se porquê mas
aborrecem-me, enquanto munícipe e cidadão, que o IMI que vou pagar
nos anos mais próximos sirva para saldar as dividas de municípios
mega endividados. Vizinhos ou não.
Chateia qualquer um. Tenho um pai por aqui que se queixa do mesmo.
ResponderEliminarVeremos no que isso dá. Essa é a forma do desgoverno sacudir a água do capote em relação aos municípios, como aliás tem feito em relação a tudo o que é social.
ResponderEliminarQuanto ao dividir para reinar...não vem do governo anterior, vem do tempo em que o "pai" deste governo foi PM. Não esqueço o que ele fez à minha carreira profissional e à de tds os que trabalhavam para o estado, para poder esturrar o grande fluxo de verbas europeias em betão e alcatrão.
Concordo em absoluto e como diz e bem o mal já vem desde que Cavaco foi 1º. Ministro.
ResponderEliminarMas nas próximas eleições sempre quero ver o que os portugueses irão fazer!