domingo, 23 de março de 2014

É fazer a conta...

Diz que os portugueses bebem, em média 2,5 cafés por dia. Setenta e três por cento dos quais em cafés, restaurantes, pastelarias e espeluncas congéneres. Admitamos que o estudo está correcto. Para simplificar as contas admitamos também os portugueses são exactamente nove milhões e meio. No final do dia teremos bebido qualquer coisa como vinte e três milhões setecentos e cinquenta mil cafés. Dos quais, os tais setenta e três por cento, em cafés, restaurantes, pastelarias e espeluncas congéneres. O que dará o simpático número de dezassete milhões trezentos e trinta e sete mil e quinhentos cafés beberricados, nos tais estabelecimentos.
Para a coisa não assumir contornos ainda mais aterradores e tornarmos os números mais redondos, vamos presumir que dez por cento são oferta da casa. Serão, assim, vendidos dezasseis milhões de cafés por dia. Dos quais, atendendo ao que se constata, talvez sejam facturados sessenta por cento. Acreditemos, generosamente, que sim. O que dá seis milhões e quatrocentos mil por facturar. A, vá, sessenta cêntimos cada um. Valor que inclui onze cêntimos de IVA. Significará isto que ficarão, todos os dias, setecentos e quatro mil euros de impostos por entregar ao Estado. Duzentos e cinquenta e seis milhões e novecentos e sessenta mil euros, ao fim de um ano.
Perante estes números hesito em continuar a culpar o Parvus Coelho, o Sócrates, o Cavaco ou a Merkel. Até mesmo o Rendeiro ou o Gonçalves me parecem uns meninos na arte do “desenrascanço”. Se calhar, perante estes dados, os verdadeiros culpados serão outros...

14 comentários:

  1. Ainda bem que eu não sou viciado em café. Nem em bebidas alcoólicas. :)

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    1. Sempre poupa uns trocos graças à sua abstémia!

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  2. Tive que reler:) e acreditas que esse dinheiro vai para o Estado?
    Segundo dizem, ou melhor lendo...a factura simplificada também vai uma cópia para as Finanças será?

    Ainda dizem que um simples café não dá lucro...

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    1. Não vai porque não pedimos factura...

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    2. Ai que já não entendo nada. O sistema é das Finanças, tiram papel - factura simplificada e não fica registado no que têm de apresentar às Finanças? Segundo me disseram essa entrega é mensal e tu dizes que só com factura é que as Finanças sabem?

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    3. O problema é que não emitem factura. Nomeadamente naqueles estabelecimentos de carácter familiar e onde não há empregados. Quem estiver atento pode reparar que trabalham com a caixa aberta e não registam. E a maioria dos estabelecimentos só passa facturas no valor suficiente para cobrir as compras.

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  3. Geralmente diz-se que os funcionários públicos é que são os culpados da crise e da dívida pública, por isso não sei se é avisado atacar a iniciativa privada onde se encontra (?) a virtude, onde se declara tudo o que existe de lucro e de rendimentos salariais...
    Cumps

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    1. Claro. Eu ia lá colocar em causa a honestidade da iniciativa privada. Jamais me atreveria a sugerir que eles fogem ao fisco!

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  4. Consegui chegar ao fim no meio de tantas contas e percentagens. Caramba, o KK é bom nisto das contas.

    Só fiquei um pouco atarantada naquela parte das "espeluncas congéneres". Não que eu beba café na rua, que não bebo, só em casa porque tenho máquina e no trabalho porque existe por lá também uma máq., mas as "espeluncas congéneres" é que não me saem da cabeça.

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    1. "Espeluncas congéneres" podem ser, por exemplo, os quiosques, as roullotes, os salões de chá ou outros sítios igualmente recomendáveis...

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  5. Totalmente de acordo. Peço sempre factura, mas não da bica ao balcão, confesso...

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    1. É uma questão de hábito. Quer para quem vende quer para quem compra.

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  6. Aos anos que bato neste mesmo ponto, o valor que por dia, de apenas bicas e afins, não entra nos cofres do Estado. És o primeiro que partilha da minha opinião, ainda bem que não estou sozinho nesta luta.

    Agora, a solução não pode passar unicamente pelo povo, o Estado tem de fiscalizar e aplicar multas pesadas a quem foge ao fisco, mas para isso tem de criar equipas de inspectores da DGCI.

    Era engraçado um texto aqui neste magnifico blog acerca do relação custo/beneficio que o Estado viria a ter se criasse equipas de inspectores e aumentasse a fiscalização e os valores das coimas. Na minha modesta opinião, os cofres do estado iam ganhar mais uns belos quilos de euros, porque por vezes até um Estado com excesso de despesa publica tem de "investir" para recuperar o imposto que cobra e não recebe.

    Continua a escrever que é um prazer ler-te. ;)

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    1. Obrigado pelo comentário e pelas referências elogiosas.

      A solução não está, de facto, só no povo mas ajudava muito se os portugueses soubessem fazer contas.

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