segunda-feira, 10 de março de 2014

Jornalismo de sarjeta

Num tempo só relativamente distante a comunicação social indignava-se por algumas funcionárias de um grande hospital terem, alegadamente, aproveitado a sua condição de trabalhadoras da instituição para, não menos alegadamente, tratar de melhorar a aparências das mamocas à pala.
Mais recentemente foi amplamente noticiado que umas quantas funcionárias públicas mais hirsutas andariam a fazer a depilação à conta da ADSE. Uma fraude, bramaram. Uma vergonha, mesmo, isso de tirar pêlos à conta dos contribuintes. Apesar de – o que, obviamente, não desculpabiliza este comportamento - o sistema de saúde seja pago pelos seus beneficiários e não pelos contribuintes em geral.
Soube um dia destes, igualmente pela comunicação social, que uma freguesia do Porto fornece gratuitamente – ou paga, não sei ao certo – serviço de cabeleireiro às eleitoras idosas da sua área de circunscrição. Não vou, porque não me apetece, fazer grandes considerandos acerca desta forma de esturrar dinheiro. Ou de angariar votos com o dinheiro de todos nós. Prefiro salientar que esta medida não foi apresentada em tom indignado, nem pretendeu promover a indignação dos restantes portugueses que não desfrutam deste serviço. Pelo contrário. Foi apresentada como uma medida boa. Fofinha, quase. Coisas do jornalismo merdoso que vamos tendo. 

4 comentários:

  1. Quando vi o presidente da junta (julgo eu) a surpreender uma senhora que vinha no passeio, que pela sua reacção de surpresa não teve nada, pensei logo na caça ao voto e os gastadores somos nós.

    Quanto às "mamocas" acreditas que só totalmente contra fazerem isso à conta da ADSE e outros? Se for devido a um cancro ou outra fatalidade qualquer sou a favor de qualquer cirurgia plástica feita no público...agora para beleza? Jamais o faria, não condeno quem as faça...mas assim sendo...que paguem do seu bolso ou então do seguro que possam ter.
    É o que eu acho...mas o certo é que em termos de saúde...havia muitos e exorbitantes desvios...desde um simples penso até material cirurgico...enfim...isso já sabes e estou a fugir um cadinho ao tema:)

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    1. Claro que é absolutamente condenável fazer esse tipo de coisas à conta da ADSE ou do SNS quando em causa não estão razões de saúde. O meu ponto é que isso é um comportamento tão reprovável quanto o da junta de freguesia que paga idas ao cabeleireiro, excursões ou almoçaradas.

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  2. Aproveito a ultima frase: "Coisas do jornalismo merdoso que vamos tendo".
    Não há "jornalismo" em Portugal. Há sim, pessoas que escrevem do modo que lhes mandam e que interessa mais à "bandeira" para quem trabalham.
    Por medo de ficarem sem trabalho? Porque não saberem fazer mais nada?
    Fico-me por aqui.

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