sábado, 22 de fevereiro de 2014

Coisas que me fazem espécie

Faz-me confusão – espécie, como diria a minha avó – a maneira como os portugueses devoram toda a qualidade de palha que lhe põem na gamela. Que é como quem diz, não questionam as parvoíces que são veiculadas pela comunicação social ou por aqueles que têm interesse em levar as pessoas a acreditar em determinadas narrativas.
Vejam-se dois exemplos recentes. Os Tordos, primeiro. O Tordo mais velho levantou voo em direcção a paragens mais quentes e prósperas, fez questão que toda a gente soubesse e tentou fazer disso um caso politico. O mais novo tratou de escrever uma carta de despedida e, talvez ultrapassado pelas circunstâncias, quando deu por ele havia uma legião de parolos a partilhar a dita missiva. Gente que, motivada pelos alegados factos que não se deram ao trabalho de confirmar se eram ou não verdadeiros, desatou a vomitar disparates.
O segundo tem a ver com a capa de ontem do Correio da Manhã. Escreve o tablóide, em letras garrafais, que serão cinquenta e seis os reformados que auferem mais de dezasseis mil euros de pensão por mês. Levando-nos querer que isso constituiria um grande problema para a segurança social. Logo abaixo, em letras muitíssimo mais pequenas, escreve que dois milhões de pensionistas receberão a pensão mínima. Trezentos e sessenta e quatro euros cada um. Logo, como seria de esperar, os ânimos se exaltaram. Há que acabar com as pensões milionárias e aumentar as mínimas, proclamava-se enquanto se ia partilhando a indignação.
Em ambos os casos, os jornalistas e os indignados, esqueceram-se de fazer contas. Daquelas fáceis. De multiplicar. De merceeiro, vá. Se o fizerem vão ver, no tema das reformas, de que lado é que está o problema. Ou, quanto ao cantante, que a historieta está muito mal contada. É muito mais fácil engolir a palha toda, mandar umas bacoradas e voltar à vidinha como se nada fosse. O tuga no seu melhor, portanto, para quem pensar e fazer contas são coisas que ultrapassam o limite do aborrecimento. 

6 comentários:

  1. Em ambas as situações, a comunicalção dita social agiu mal.
    Junte-se o 'facecoiso', ferramenta à maneira para divulgar tudo e coisa nenhuma.
    Tordo pai, foi obrigado a fazer um desmentido. End of case ou nem por isso.

    O Correio da Manha - propositadamente sem til (~) - dá-se ao trabalho - aquilo deve ter sido um trabalho 'do outro mundo' - de fazer tudo menos jornalismo.
    Em letras garrafais aborda a meia centena de (bem) reformados. E com letra que só á lupa, a realidade que incomoda.

    E assim vai o país...

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    1. O pessoal nem se dá ao trabalho de "mastigar". Engole tudo e, não raras vezes, de seguida fica com azia...

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  2. Do Tordo não sei o que se passou...se tiver pachorra irei pesquisar:))))

    Quanto ao resto...há que vender "palha" para estupidificar o povo ou para facilitar-lhes a vida porque fazer contas... dá imenso trabalho. Não leio jornais... e por vezes só leio algo "construtivo" que aparecem noutros de renome. Mas li essa das reformas e reduzidas as ditas 56 e serem distruibuidas pelas dois milhões e tal...pois nem para um palito daria!!!

    Um abraço

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    1. Eu cá estou mais preocupado com os melros...devastam-me o quintal!!

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    2. Pois é amigo...nada como ter um gato áaaaaaaaaaa pois é...para salvar a tua horta da crise :):):) Usa outro método que comecei por ver...pendura CDs que assustam-nos assim como os pardais.

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    3. Também já experimentei isso dos CDs. Enfeitei a cerejeira toda com eles. Não resultou. O melhor, ainda assim, eram as fitas das cassetes, mas agora já não há disso...

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