terça-feira, 1 de setembro de 2009

O burro intelectual

A reorganização administrativa do país é um tema que seguramente estará em cima da mesa na próxima legislatura. Se em relativamente à regionalização tenho hoje mais dúvidas do que quando do referendo onde esta opção foi rejeitada pelos portugueses, já quanto à redefinição do quadro autárquico não hesito em concordar com a urgência da sua reformulação.
A este propósito surgiram já algumas ideias. Umas mais viáveis outras menos, muitas absolutamente delirantes e umas quantas apenas parvas. Vindas, estas últimas, de verdadeiros bichinhos do betão para quem o país se resume a dois círculos imaginários de reduzido diâmetro traçados a partir do Terreiro do Paço e da Avenida dos Aliados. Um destes visionários defendia há poucos dias no blogue de que é co-autor e que constitui uma referência na blogosfera lusitana, a extinção dos municípios com menos de vinte cinco mil eleitores ou área inferior a duzentos e cinquenta quilómetros quadrados.
Para quem está sentado a uma secretária com um computador à frente, esta até pode parecer mais uma das muitas ideias brilhantes que diariamente lhe passam pela mente. Desconhecerá o iluminado idiota que, na prática, isso traduzir-se-ia por exemplo, na extinção dos concelhos de Borba e Vila Viçosa e na manutenção do Alandroal como Município. Ou, no Distrito de Portalegre, a continuação do concelho de Arronches e o fim do de Campo Maior. Mas isso, para ele, não será nada de preocupante. No fim de contas, no seu entender, o interior não passa de uma reserva de índios cuja manutenção fica caríssima aos contribuintes portugueses.
Obviamente esta é uma reforma que não pode ser adiada por muito mais tempo. Há, contudo, que ter prudência e bom senso nos critérios e no modelo que se pretende implementar, sob pena de esse ser o passo que falta para acabar de vez com o interior do país. Exemplos de outras “reformas” já anteriormente levadas a efeito em diversas áreas ou opiniões daquelas que são capazes de influenciar decisões e que se vão lendo por aí a propósito desta matéria, não auguram nada de bom.

1 comentário:

  1. Há gente com 1 pensamento muito urbanístico...
    Então vejamos o meu com 8200 habitantes, 47km2 passava a ser o quê?
    - 1 sítio?
    - 1 Aldeola?
    Ora temos de analisar tudo isto do ponto de vista histórico e cultural, e, não do ponto de vista e 1 analista de "laboratório" que não sabe da realidade para além do circulares (CRIL E CREL).
    A nossa Nação é constituida por Portugal Continental e Ilhas.
    MFCC

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