terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os "jovens"

Compreendo a indignação dos moradores quando criticam a actuação da polícia que terá entrado aos tiros pelo bairro onde residem. É de facto desagradável, aborrecido até, ser incomodado por uns quantos chuis armados em cowboys enquanto se está em amena cavaqueira com a vizinhança, salientando as potencialidades do último modelo da BMW estacionado à porta de casa, delineando a estratégia para “fazer” a próxima ourivesaria ou analisando os melhores locais para a prática do carjaking, que é um desporto radical muito em moda em certos meios. Afinal, depois de um extenuante dia de trabalho, enquanto a patroa confecciona a janta um homem tem que se entreter com alguma coisa.
Neste ambiente calmo e tranquilo não me parece adequado desatar a disparar. Tratando-se de uma zona residencial é coisa que intrusos não devem fazer. Ainda para mais quando esse local é habitado por gente séria, honesta, trabalhadora e pacata. Mesmo que em cada um dos habitantes não seja possível encontrar mais do que uma dessas qualidades. Perante uma actuação destas é natural que os cidadãos se aborreçam. O direito ao aborrecimento é, alias, um direito constitucional – se não é devia ser – e este pessoal sabe exercê-lo como ninguém. Embora não conste que dos tiros, todos para o ar, tenham resultado mortos ou feridos entre os canários, papagaios e outras aves canoras, os habitantes resolveram exercer o seu direito de riposta e vá de desatar a ripostar aos tiros da polícia. Com igual má pontaria porque, ao que parece, também não haverá feridos a registar entre as forças da ordem.
Como ciclicamente as televisões nos vão dando conta, morar em bairros sociais, pagos com o dinheiro de todos, aparenta ser uma coisa divertida. Além de não se pagar renda, água ou luz, pode-se bater na polícia, dar tiros por tudo e por nada, “róbar” sempre que lhes apetece e vangloriar-se de tudo isso impunemente em horário nobre. E tem ainda a maior de todas as vantagens. É-se sempre “jovem”…

3 comentários:

  1. Ah como eu sou inocente...!
    No meu tempo ser jovem era: andar de bicicleta, ir à missa aos domingos, comer 1 gelado nas tardes de verão, ir à escola, ler 1 livro, conversar com os amigos, brincar "jogos inventados", ir a pé todas as tardes para a praia, e o único crime era roubar umas uvas, figos, bananas e maracujás.
    Porque depois de tanto nadar precisava-se de "reforços" para ter coragem de subir até casa.
    Agora com 17 anos já têm armas, só pensam em descansar e "o trabalho é para quem não sabe fazer outra coisa..."!
    Trabalhem que "nós colhe"!
    MFCC

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  2. Concordo com o que se diz no post. Na verdade, é lamentável que a polícia procure pacatos cidadãos da indústria do roubo e crime violento, para praticar no combate ao bom nome do cidadão...
    É lamentável, e a polícia terá de ser obrigada a pagar uma choruda indemnização, a estes ilustres cidadãos, habitantes de tão pacatos bairros...
    Compadre Alentejano

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  3. Como eu os ajudava!
    Aos "piquenos" claro está...

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