quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Portugal de verdade

Num documentário-reportagem-noticia ou seja lá o que for exibido pela SIC, tentou-se fazer passar a ideia, a propósito da intenção já anunciada pelo primeiro-ministro e pelo ministro das finanças de retirar benefícios fiscais aos portugueses com rendimentos mais elevados, que alguém que aufira um ordenado líquido de cinco mil e oitocentos euros vive no limiar da subsistência e família que se tenha de governar com dois mil euros por mês vegeta na miséria e leva uma existência digna de dó. Pelo menos era o que garantia um brilhante fiscalista enquanto explicava alarvemente que os ricos não pagam impostos – olha que grande novidade - e que mesmo com os ricaços que ainda vão pagando alguma coisa é preciso ter cuidado não vão eles por a fortuna ao fresco. Que é como quem diz ao largo.
A forma peremptória como o tema foi abordado pelos diversos intervenientes abalou profundamente as minhas convicções em matéria fiscal e fez-me ver que não passo de um ignorante. Uma verdadeira besta, reconheço. Afinal, ao contrário do que eu pensava, não são os pobres que emigram por o país não lhes proporcionar condições de vida minimamente aceitáveis. Parece que quem vai bazar daqui para fora, se esta ideia estapafúrdia for em frente, vai ser a tal malta dos cinco mil e oitocentos por mês.
Também acreditava, pelo menos até ontem, que apesar de não ter um ordenado daquela grandeza – termo bem escolhido não acham?! – estaria longe de ser pobre. Parece que me enganei e, agora que dei conta do meu erro, garanto que nunca mais irei reclamar nem vociferar para o televisor quando o conhecido e brilhante fiscalista por lá aparecer a explicar que, em nome do controlo da despesa e do rigor das contas públicas, os vencimentos dos funcionários públicos, as despesas com a saúde, a educação ou as reformas não podem aumentar. O que é compreensível. O Orçamento de Estado deve é garantir as benesses fiscais de quem, todos os meses, leva para casa cinco mil e oitocentos euros…

2 comentários:

  1. ... E de quem recebe rendimento de "inserção social"! (faltou isto), Porque os 5800€ gastam-se mais mal gastos do que os meus miseros 800 e picos €.
    Eu faço-os render e chego ao fim do mês com uns troquitos, enquanto eles aguardam ansiosamente pelo 25 (não de Abril nem de Dezembro)...
    Isto é que é malabarismo!
    Tamos a ficar num país de obesos, já sabem o porquê?
    - Não se trabalha e recebe-se...
    MFCC

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  2. Só mais esta...
    Não uso Prada, nem Gucci, nem Dior, nem Armani, nem Valentino, nem Channel, nem Just Cavalli etc. etc.
    Mas tenho uns Dolce e Gabbana!
    E ando bem vestida para azar de uns e alegria de outros! (sem marcas, porque sou do tempo do fecho éclair)
    MFCC

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