quinta-feira, 17 de julho de 2014

Se é para indignar tem de ser a sério.

Tenho visto nos últimos dias muitas reacções indignadas por, num hospital publico, terem morrido dois doentes alegadamente por causas que – ao que tem sido noticiado - terão a ver com procedimentos médicos que não terá sido possível realizar em consequência das restrições orçamentais a que o estabelecimento hospitalar está sujeito. Á semelhança, como se sabe, de todo o serviço nacional de saúde e de, como será suposto, toda a administração pública.
A ser assim é, de facto, revoltante. Principalmente quando, no mesmo país, não há restrições de carácter orçamental, financeiro ou, sequer, de bom senso que travem os espectáculos, a construção de centros culturais ou a instalação de relvados sintéticos. A mim, para além da indignação que me causam as mortes pelo alegado motivo, indigna-me muitíssimo mais que ninguém se indigne – mas daquela indignação mesmo à séria – de cada vez que o dinheiro público, que podia servir para salvar vidas, seja esturrado em coisas que, comparadas com a vida humana, valem zero. Quantos, de entre os que se indignam com as mortes em questão, já se indignaram por o Toino Carreira ir repetidas vezes cantar às festas da terrinha?! Ou pela construção do décimo quinto espaço cultural do seu concelho?! Ou pela instalação do relvado sintético na aldeia cuja equipa joga na quinta divisão distrital?!
Pode-se sempre argumentar que isso são “peanuts”. Que o BPN, as PPP's ou os juros da divida é que nos levam o couro e o cabelo. Será. Mas, quando me começaram a cortar o ordenado, a primeira coisa onde cortei foi no segundo café do dia...Quero eu dizer na minha, para quem não me entende, que se deve começar sempre pelas coisas mais pequenas. Se não for assim nunca chegaremos às maiores. 

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