terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

República spaghetti

Portugal é o cenário ideal para a realização de um "western spaghetti": nem é um filme de "cowboys", nem um drama onde se come demasiada massa. Perdeu-se a vergonha. Vivemos no reino da comédia em que os próprios actores são semelhantes a Trinitá, o chamado "cowboy insolente". Os personagens arrastam-se, deitados, numa cama transportada por um cavalo cansado.

Olhe-se para a Refer, e tantas outras empresas, e tem-se a noção do que se passa com muitos dos indígenas que frequentam este sítio. A culpa nem sequer é deles. É de quem diz que quer reformas e escuta as minas a rebentar debaixo dos pés das suas boas intenções. Aperta-se o cinto com impostos, fecham-se centros de saúde, ameaça-se com a flexibilização. O alvo são os eternos servos da gleba. E, depois, no topo, surgem ilustres personalidades que ou são colocados em locais que não existem ou existem porque há pessoas para colocar num sítio qualquer. O paraíso dos compadres encontrou na Refer um local perfeito para se estar à sombra da bananeira e a saborear mangas saborosas que milagrosamente caem do céu. O problema é só um: alguém criou estes tronos dourados. Quem? Ninguém sabe. Alguém o desfruta. Quem? Todos o sabem. Parece que pessoas assim, colocadas à força para receber soldos sem sentido, são às dezenas. O que se vai fazer? Por certo uma comissão de inquérito dai tentar descortinar. O resultado será o de sempre: um silêncio ensurdecedor. Até ao próximo "caso Refer spaghetti". Texto de Fernando Sobral no Jornal de Negócios on-line

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