A
morte de António Borges suscitou, entre os amigos, correlegionários,
compangnons de route e políticos em geral, as reacções
habituais nestas circunstâncias. O elogio do carácter, competência,
a inteligência e a frontalidade com que se exprimia, são realçados
unanimemente.
Nunca
gostei das ideias que o falecido não se cansava de considerar como
imprescindíveis para solucionar os problemas do país. O que,
obviamente, não exclui o reconhecimento pelas qualidades que
eventualmente o senhor possa ter tido em vida. Até porque outros, de
certeza tão inteligentes, competentes e de igual verticalidade de
carácter têm, sobre os mesmos assuntos, ideias completamente
diferentes.
O
que acho de todo deplorável são os comentários abjectos, nojentos
e reveladores do baixo nível intelectual de muitos utilizadores das
redes sociais. Nomeadamente nas caixas de comentários de blogues e
nessa parede de casa de banho pública dos tempos modernos que dá
pelo nome de facebook.
Não
apreciar as ideias do economista e manifestar o desacordo em relação
a elas é legitimo, mas escrever o que muita gente com idade para ter
juízo anda por aí a publicar acerca da morte do homem é para lá de lamentável. Alguns são
os mesmos que não se coíbem de criticar “os que não têm coragem
de dar a cara e se escondem cobardemente atrás do anonimato”. Por
mim hesito na escolha. Não sei se é pior um anónimo cobarde se um
cobarde sem vergonha de mostrar as suas ventas de javardo.
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