Quase todos acham
bem que o Estado reduza as suas despesas. Desde que isso, claro está,
não os afecte. A polémica dos últimos dias em torno do
financiamento do ensino particular vem, mais uma vez, evidenciar este
nosso estado de espírito. A defesa desta opção do governo tem
vindo a ser feita de forma acérrima pelos mesmos que, ainda não há
muito tempo, defendiam o fim da Adse com o argumento que os impostos
de todos não devem financiar privilégios de alguns. Menos ainda
quando quem deles beneficia pode utilizar, como todos os restantes,
as infraestruturas públicas de saúde.
É notável o nível
de incoerência dos defensores do chamado cheque-ensino ou desta
espécie de PPP para a educação que a TVI recentemente denunciou.
No caso da Adse o sistema é em grande parte sustentado pelos
descontos de quem dele usufrui e, como está amplamente demonstrado,
fica mais barato ao Estado do que o SNS. No entanto, talvez por um
ódio cego aos funcionários públicos, defendem a sua extinção. Já
no que diz respeito ao ensino, sem que ninguém faça um desconto
específico para isso, acham que o Estado deve suportar a opção de
quem entenda colocar os filhos numa escola privada, ainda que ao lado
exista uma pública. Trata-se de liberdade de escolha, segundo eles.
Mesmo que mais cara e que todos a paguemos. A mesma liberdade –
eles chamam-lhe privilégio – que não querem reconhecer a quem
paga para ter essa escolha. Coerente esta gentinha.
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