domingo, 24 de novembro de 2013

Ainda isso das quarenta horas


Estremoz será, alegadamente, a única câmara do distrito e uma das poucas no país a aplicar a lei que estabelece o horário de trabalho da função pública em quarenta horas semanais. Nada de mais. Lei é lei e, tanto quanto se sabe, é para cumprir. Daí que tal atitude não constitua, na minha modesta opinião, motivo para elogios ou reparos. É assim e pronto.
O mesmo não digo de certas vozes que, cá pelo burgo e também no resto do país, não contêm o seu regozijo de cada vez que os funcionários públicos vêem piorar a sua situação profissional e financeira. Deviam, digo eu, ter percebido – até porque muitos já o sentem na pele – que qualquer patifaria feita pelo governo à função pública se reflecte, inevitavelmente, no resto da comunidade. Mais ainda numa terra pequena onde a dependência do Estado é esmagadora.
Se a perda de rendimentos conduziu à quebra do consumo e consequente diminuição das vendas, o aumento do numero de horas de trabalho está a piorar ainda mais o cenário. É, pelo menos, do que se queixam alguns comerciantes da cidade. Coisa que devia preocupar – no lugar deles preocupava-me – os que olham com satisfação as atitudes persecutórias do governo. Até porque elas podem significar mais encerramentos de lojas, despedimentos e o resto a que já vamos estando habituados. Mas se o povo gosta...
Perante esta evidência reconheço que me equivoquei quando,  aqui há atrasado, me pronunciei contra a extinção de uns quantos feriados. Afinal o governo tinha mesmo razão. Mais dias de trabalho corresponderão, necessariamente, a um aumento do produto interno bruto. Assim como, inversamente, na sequência da mesma lógica, menos horas de descanso – ou sem trabalhar – diminuirão o consumo. O pequeno comércio local atesta a eficácia da teoria.

6 comentários:

  1. "não contêm o seu regozijo de cada vez que os funcionários públicos vêem piorar a sua situação profissional e financeira", talvez não seja regozijo, talvez seja alguma revolta mal disfarçada - pelo que oiço nalguns locais - por durante anos os funcionários públicos beneficiarem de algumas regalias a que o privado não tinha acesso.

    Não quero acreditar que passe por algum tipo de alegria, o facto de se ver pessoas a perder qualidade de vida todos os dias.

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    1. Pode crer que é, na maioria dos casos, mesmo satisfação.

      Já quanto às regalias depende do ponto de vista. Ainda me lembro que quando entrei para a FP, no inicio da década de 80, nas pedreiras ou nas obras ganhava-se o dobro. Por essa altura um operário desses sectores recebia mais do que qualquer técnico superior no Estado. De tal forma assim era que, então, em muitas câmaras - por exemplo em Estremoz - não havia nem um único licenciado!!

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  2. Totalmente de acordo consigo.
    Espanta-me como esta gente que nos governa confunde algo tão básico como trabalhar melhor com trabalhar mais.

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    1. Esta gente pouco mais conhece do que os livros fotocopiados por onde fez as cábulas quando andava na universidade. Sabem lá o que é a vida!

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  3. Como já te disse em vários comentários eu sempre trabalhei no privado, 40 e por vezes 50h semanais sem receber mais um tostão. Mais fechava-se ao público na hora exacta...daí ter de atender todos que entravam até ao último minuto.
    Mas em muitas Repartições e Organismos públicos que fechavam às por ex 16h às 15h não entrava mais ninguém...porque carga de água? A coisa melhorou já há uns anos...
    Mas acho que isto é uma tempestade num copo de água e uma hora a mais no quer que seja, são tretas daí subscrever o que dizes, porque em todos os sectores há quem produza mais em menos tempo.
    Se olharmos para os debates quinzenais no parlamento...pergunto...onde anda aquela cambada toda que deveriam estar lá e não estão? Pois...tadinhos andam a dar o seu melhor...pois!

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    1. As 40 horas são o menor dos males da função pública. A redução de vencimentos ou o aumento da idade da reforma é muito pior. O que não significa que isto de aumentar o horário não seja uma estupidez de todo o tamanho e que nada acrescenta à receita nem reduz à despesa...É que as pessoas não são folhas de excel.

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