Estremoz
será, alegadamente, a única câmara do distrito e uma das poucas no
país a aplicar a lei que estabelece o horário de trabalho da função
pública em quarenta horas semanais. Nada de mais. Lei é lei e,
tanto quanto se sabe, é para cumprir. Daí que tal atitude não
constitua, na minha modesta opinião, motivo para elogios ou reparos.
É assim e pronto.
O
mesmo não digo de certas vozes que, cá pelo burgo e também no
resto do país, não contêm o seu regozijo de cada vez que os
funcionários públicos vêem piorar a sua situação profissional e
financeira. Deviam, digo eu, ter percebido – até porque muitos já
o sentem na pele – que qualquer patifaria feita pelo governo à
função pública se reflecte, inevitavelmente, no resto da
comunidade. Mais ainda numa terra pequena onde a dependência do
Estado é esmagadora.
Se
a perda de rendimentos conduziu à quebra do consumo e consequente
diminuição das vendas, o aumento do numero de horas de trabalho
está a piorar ainda mais o cenário. É, pelo menos, do que se
queixam alguns comerciantes da cidade. Coisa que devia preocupar –
no lugar deles preocupava-me – os que olham com satisfação as
atitudes persecutórias do governo. Até porque elas podem significar
mais encerramentos de lojas, despedimentos e o resto a que já vamos
estando habituados. Mas se o povo gosta...
Perante
esta evidência reconheço que me equivoquei quando, aqui há atrasado,
me pronunciei contra a extinção de uns quantos feriados. Afinal o
governo tinha mesmo razão. Mais dias de trabalho corresponderão,
necessariamente, a um aumento do produto interno bruto. Assim como,
inversamente, na sequência da mesma lógica, menos horas de descanso
– ou sem trabalhar – diminuirão o consumo. O pequeno comércio
local atesta a eficácia da teoria.
"não contêm o seu regozijo de cada vez que os funcionários públicos vêem piorar a sua situação profissional e financeira", talvez não seja regozijo, talvez seja alguma revolta mal disfarçada - pelo que oiço nalguns locais - por durante anos os funcionários públicos beneficiarem de algumas regalias a que o privado não tinha acesso.
ResponderEliminarNão quero acreditar que passe por algum tipo de alegria, o facto de se ver pessoas a perder qualidade de vida todos os dias.
Pode crer que é, na maioria dos casos, mesmo satisfação.
EliminarJá quanto às regalias depende do ponto de vista. Ainda me lembro que quando entrei para a FP, no inicio da década de 80, nas pedreiras ou nas obras ganhava-se o dobro. Por essa altura um operário desses sectores recebia mais do que qualquer técnico superior no Estado. De tal forma assim era que, então, em muitas câmaras - por exemplo em Estremoz - não havia nem um único licenciado!!
Totalmente de acordo consigo.
ResponderEliminarEspanta-me como esta gente que nos governa confunde algo tão básico como trabalhar melhor com trabalhar mais.
Esta gente pouco mais conhece do que os livros fotocopiados por onde fez as cábulas quando andava na universidade. Sabem lá o que é a vida!
EliminarComo já te disse em vários comentários eu sempre trabalhei no privado, 40 e por vezes 50h semanais sem receber mais um tostão. Mais fechava-se ao público na hora exacta...daí ter de atender todos que entravam até ao último minuto.
ResponderEliminarMas em muitas Repartições e Organismos públicos que fechavam às por ex 16h às 15h não entrava mais ninguém...porque carga de água? A coisa melhorou já há uns anos...
Mas acho que isto é uma tempestade num copo de água e uma hora a mais no quer que seja, são tretas daí subscrever o que dizes, porque em todos os sectores há quem produza mais em menos tempo.
Se olharmos para os debates quinzenais no parlamento...pergunto...onde anda aquela cambada toda que deveriam estar lá e não estão? Pois...tadinhos andam a dar o seu melhor...pois!
As 40 horas são o menor dos males da função pública. A redução de vencimentos ou o aumento da idade da reforma é muito pior. O que não significa que isto de aumentar o horário não seja uma estupidez de todo o tamanho e que nada acrescenta à receita nem reduz à despesa...É que as pessoas não são folhas de excel.
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