Convergência. Tem sido,
ultimamente, uma palavra muito utilizada sempre que o governo
pretende justificar mais um corte nos funcionários públicos.
Aposentados ou não. Que os regimes de trabalho, no privado ou no
Estado, tendam a convergir – naquilo onde tal é possível, atentas
as especificidades de cada um – não me parece criticável. Que as
pensões, pagas pela Segurança social ou pela Caixa de Aposentações,
tenham um regime idêntico parece, também, algo que se afigura como
sendo do mais elementar senso comum.
O pior é que as coisas não são
tão lineares quanto os javardolas que governam a espelunca nos
querem fazer crer. Relativamente aos valores das reformas, mais
altas no público do que no privado, convém não esquecer que os
funcionários públicos aposentados – e os actuais, também -
descontaram onze por cento do seu vencimento para garantir a
aposentação. O mesmo não se pode dizer dos privados. É que,
convém não esquecer, a actual TSU resultou da fusão dos descontos
para a Caixa de Previdência e Fundo de Desemprego. Ou seja, os onze
por cento que também descontam ao vencimento não são na totalidade
para a reforma, dado que incorporam uma parte que se destina a
subsidiar o seu eventual desemprego. Pretender, agora, tratar de
forma igual percursos contributivos tão diferentes parece-me algo
que converge muito pouco com a legalidade.
O mesmo se pode afirmar quanto aos
ordenados. Há muito que se anuncia uma nova tabela salarial que
tenda a, alegadamente, aproximar os vencimentos entre os sectores
público e privado. Esta intenção tem, como é óbvio, merecido os
mais amplos elogios daqueles que vêem em cada funcionário público
um privilegiado a quem devem ser retirados todos os direitos.
Inclusive o de existir. Por mim, tenho dúvidas quanto a mais esta
convergência. Por um lado lamento que não se tenham lembrado dela
quando, ainda não há assim tanto tempo, um pedreiro ganhava
cinquenta ou sessenta euros por dia no privado, enquanto idêntico
profissional no Estado não auferia mais de quinhentos euros por mês.
Por outro, mantenho alguma expectativa relativamente ao que vai
suceder a arquitectos, engenheiros e outros licenciados, a quem o
sector privado oferece, conforme se pode ver nas mais variadas
ofertas de emprego, o salário mínimo nacional e o Estado paga mais
de dois mil euros por mês...
Comparar uma coisa com a outra é o mesmo que comparar o olho com a feira de Castro.
ResponderEliminareu como aposentada da CGa nao falo , é que se abro a boca só mando impropérios
ResponderEliminarkis :=)
Mais um fósforo na palha
ResponderEliminar"É que, convém não esquecer, a actual TSU resultou da fusão dos descontos para a Caixa de Previdência e Fundo de Desemprego. Ou seja, os onze por cento que também descontam ao vencimento não são na totalidade para a reforma, dado que incorporam uma parte que se destina a subsidiar o seu eventual desemprego. Pretender, agora, tratar de forma igual percursos contributivos tão diferentes parece-me algo que converge muito pouco com a legalidade."
ResponderEliminarNada mais falso, Kruzes. É aqui que a poca torce o rabo: para além dos 11% de TSU a entidade patronal desembolsa 23,75% sobre o salário bruto de cada trabalhador (uma verdadeira fortuna), coisa que o Sr. Estado não faz e podia muito bem ter feito, afim de salvaguardar eventuais situações de crise social.
Mas como isto não é um estado mas uma verdadeira pocilga, não contente e feliz ainda estoirou com o dinheiro dos contribuintes (todos) no casino, inclusivé o fundo de pensões.
Tirando este "piqueno" apontamento, subscrevo o texto na íntegra!
;)
Fátima
ResponderEliminarO Estado paga, para a Caixa Geral de Aposentações, uma percentagem sobre as remunerações. Esse valor tem vindo progressivamente a subir e é actualmente de 20%.
Não sabia.
ResponderEliminarEntão ainda é mais grave.
Comparar o público com o privado é apenas para criar conflitos entre estes, bem como entre gerações...porque onde eles deveriam cortar não cortam porque regime de direita como esta que já está mais numa ditadura...é sempre em prol do capitalismo e o povo é que paga sem ter como fugir...e nem se lembram que se estão lá é a nossa custa.
ResponderEliminarOlha pela tua saúde e pela dos teus...porque não tarda isto vai dar o estouro e até a Alemanha já anda desnorteada.
Eu já vivi várias crises...e de 80 a 86 era tudo a ganir com o gamanço das finanças...e anda esse boboca do Mário Soares a vender de novo a banha da cobra? São todos farinha do mesmo saco e merda por merda (desculpa) deixai estar lá estes que hão-de ver as suas vidas de rosas a tornarem-se em espinhos.