Após longos anos a meter dó o
coreto cá da cidade foi, no ano passado, devidamente restaurado. Ao
contrário do que, quase de certeza, aconteceria noutro local mais
“evoluído” continua limpinho, limpinho. Não ostenta os
horríveis grafites nem pichagens de outra natureza que,
infelizmente, é comum encontrar noutras paragens e que alguns parvos
apelidam de arte urbana.
A intensa procura por materiais
metálicos está, no entanto, a ameaçar este equipamento. Parte dos
parafusos que fixam o portão já foram retirados e a breve prazo o
mais certo é ir o resto. Sem que, convenhamos, se possa fazer grande
coisa para o impedir. Travar este tipo de crime é tarefa quase
impossível e a única forma de o mitigar será a substituição dos
elementos furtados por outros que não despertem a cobiça da
gatunagem. O que nem sempre será fácil, barato ou, sequer, viável.
Não faltará quem relacione esta
actividade – ou outras – com a actual crise. Até pode ser.
Tenho, contudo, certa dificuldade em aceitar que o gamanço destas
coisas sirva no essencial para alimentar alguém ou que, quem rouba,
não tivesse alternativa para arranjar comida. O problema talvez
resida antes no facto de termos duas gerações de pobres – a dos
pais e a dos filhos – habituadas a dinheiro fácil que agora, de
repente, lhes dizem que não há. Mas, independentemente das causas
ou das motivações, o que surpreende é não ver por aí surgirem
empresas metalúrgicas a produzir enxadas, pás e forquilhas.
Talvez seja por, digo eu, arranjar a matéria prima ser muito mais
apetecível do que utilizar o produto acabado.
A crise agora é pretexto para tudo e mais alguma coisa. Enfim.
ResponderEliminarsubscrevo o que dizes e o comentário de "maria madeira"
ResponderEliminarIsso é apenas uma demonstração da liberdade conquistada pela tal revolução que destruiu Portugal.
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