sábado, 6 de abril de 2013

Qual é o drama?! Sim, qual é a porra do drama?!


O roubo de um mês de vencimento – prefiro chamar-lhe assim – aos funcionários públicos a que o Tribunal Constitucional finalmente pôs cobro era, insisto, uma opção apenas baseada na convicção ideológica de que é necessário empobrecer os portugueses. A sua relevância para as finanças públicas não é, nem de perto, aquela que os partidos da área governativa, a generalidade dos comentadores e outros parvos, lhe querem atribuir.
Está, de facto, em causa muito dinheiro. Mas, como quase toda a gente sabe, um orçamento tem duas componentes. A receita e a despesa. E, por uma razão qualquer que me escapa, toda a gente está apenas a olhar para a segunda em lugar de ter em conta a diferença entre ambas. Que, no caso, é negativa originando o famigerado deficit. Os tais 1,2 milhões que o Estado terá de despender e com os quais não contava farão, naturalmente, aumentar a despesa inicialmente prevista. Mas – e parece que há muita gente a esquecer isso – mais de metade deste valor regressa aos cofres do Estado sob a forma de impostos e contribuições. O que significa um aumento de receita que, se as contas do Orçamento foram feitas correctamente, não estaria nas previsões.
Em termos líquidos, o que realmente conta para o deficit, serão seiscentos milhões de euros. Muita massa, ainda assim. Mas Passos Coelho e os seus comparsas deverão encarar isso como uma oportunidade. Com a falta de hábitos de poupança dos portugueses muito desse dinheiro irá fazer crescer as receitas do IVA. Ou, no caso dos mais poupadinhos, aumentar as contas bancárias. O que é bom na mesma. Melhora a liquidez dos bancos e diminui a necessidade de o governo lá injectar mais uns milhões.
Por último, mas não menos importante, também era bom que alguém explicasse por que raio toda a gente achou uma esplêndida ideia a injecção de mil milhões de euros nas autarquias, através do PAEL, e considere agora dramático, capaz até de pôr em causa a sobrevivência do país, que metade desse dinheiro seja colocado à disposição das famílias. A menos que achem que os autarcas gerem melhor o dinheiro que lhe colocam à disposição do que, por exemplo, eu faço a gestão das minhas finanças. Mas isso já seria um caso do foro clínico.


4 comentários:

  1. Totalmente de acordo, com um sublinhado:

    "... mais de metade deste valor regressa aos cofres do Estado sob a forma de impostos e contribuições..."

    Eis o plano B.

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  2. Os "f..... da p..." que engendraram esse aborto denominado Orçamento de 2013, deviam estar na prisão!...
    Abraço
    Compadre Alentejano

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  3. Subscrevo inteiramente o teu grito do Ipiranga e o comentário do Observador. Tudo jogos de bastidores para nos porem malucos...e saírem bem na fotografia.

    BFS amigo

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  4. Amigo, se a maioria do povo português soubesse pensar, Portugal seria no mínimo uma potência europeia.

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