O roubo de um mês de
vencimento – prefiro chamar-lhe assim – aos funcionários
públicos a que o Tribunal Constitucional finalmente pôs cobro era,
insisto, uma opção apenas baseada na convicção ideológica de que é necessário
empobrecer os portugueses. A sua relevância para as finanças
públicas não é, nem de perto, aquela que os partidos da área
governativa, a generalidade dos comentadores e outros parvos, lhe
querem atribuir.
Está, de facto, em
causa muito dinheiro. Mas, como quase toda a gente sabe, um orçamento
tem duas componentes. A receita e a despesa. E, por uma razão
qualquer que me escapa, toda a gente está apenas a olhar para a
segunda em lugar de ter em conta a diferença entre ambas. Que, no
caso, é negativa originando o famigerado deficit. Os tais 1,2 milhões que
o Estado terá de despender e com os quais não contava farão,
naturalmente, aumentar a despesa inicialmente prevista. Mas – e
parece que há muita gente a esquecer isso – mais de metade deste
valor regressa aos cofres do Estado sob a forma de impostos e
contribuições. O que significa um aumento de receita que, se as
contas do Orçamento foram feitas correctamente, não estaria nas
previsões.
Em termos líquidos, o
que realmente conta para o deficit, serão seiscentos milhões de
euros. Muita massa, ainda assim. Mas Passos Coelho e os seus
comparsas deverão encarar isso como uma oportunidade. Com a falta de
hábitos de poupança dos portugueses muito desse dinheiro irá fazer
crescer as receitas do IVA. Ou, no caso dos mais poupadinhos,
aumentar as contas bancárias. O que é bom na mesma. Melhora a
liquidez dos bancos e diminui a necessidade de o governo lá injectar
mais uns milhões.
Por último, mas não
menos importante, também era bom que alguém explicasse por que raio
toda a gente achou uma esplêndida ideia a injecção de mil milhões
de euros nas autarquias, através do PAEL, e considere agora
dramático, capaz até de pôr em causa a sobrevivência do país,
que metade desse dinheiro seja colocado à disposição das famílias.
A menos que achem que os autarcas gerem melhor o dinheiro que lhe
colocam à disposição do que, por exemplo, eu faço a gestão das
minhas finanças. Mas isso já seria um caso do foro clínico.
Totalmente de acordo, com um sublinhado:
ResponderEliminar"... mais de metade deste valor regressa aos cofres do Estado sob a forma de impostos e contribuições..."
Eis o plano B.
Os "f..... da p..." que engendraram esse aborto denominado Orçamento de 2013, deviam estar na prisão!...
ResponderEliminarAbraço
Compadre Alentejano
Subscrevo inteiramente o teu grito do Ipiranga e o comentário do Observador. Tudo jogos de bastidores para nos porem malucos...e saírem bem na fotografia.
ResponderEliminarBFS amigo
Amigo, se a maioria do povo português soubesse pensar, Portugal seria no mínimo uma potência europeia.
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