Lamentava-se hoje um
presidente de junta de não poder assegurar o transporte – para a
escola, presumo - a umas quantas crianças da sua freguesia. Estava
visivelmente triste, o senhor. Acrescentava, agastado com a situação,
que as criancinhas não têm culpa nenhuma e que coisas destas não
se fazem. Tudo culpa da politiquice pré-eleitoral, quase que
sugeria.
Estive prestes a
solidarizar-me com o autarca. As ideias para um post, a desancar nos
patifes que obrigam os fedelhos a andar a pé, começavam já a
fervilhar quando chegou a segunda parte da noticia. Não havia
transporte porque um credor mais impaciente tratou de penhorar as
carrinhas da junta para garantir o pagamento do que lhe será devido
e que a autarquia, alegadamente, não terá pago. Foi por essa altura
que a minha solidariedade mudou de campo. Passou, definitivamente,
para o lado do credor. Os lamentos do homem afinal mais não eram do
que lágrimas de crocodilo e as suas queixas apenas desculpas de mau
pagador.
Acredito que apenas o
desconhecimento, o deixa-andar que ainda caracteriza grande parte
dos empresários ou o medo de perder futuros negócios, estará a
fazer com que as autarquias não estejam já paralisadas por terem
grande parte dos seus bens alvo da penhora dos credores. E também,
convém não esquecer, por o governo revelar uma incapacidade
confrangedora em aplicar as medidas previstas no memorando com a
troika para o sector da justiça.
As crianças continuam a não ser culpadas, os pais e encarregados de educação é que deviam barafustar com esse autarca que, tal como muitos outros, fez um contrato que não podia honrar. Haja paciência!...
ResponderEliminar