Compreendo a satisfação dos que enchem as caixas de comentários dos jornais online com manifestações de agrado pela redução dos vencimentos dos funcionários públicos. É da vida. E da natureza humana, também. Já dei o suficiente para esse peditório. Tal como há muito desisti de tentar explicar a quem, labutando no privado, vê isso como algo positivo – por acreditar na retórica oficial ou apenas por gozo pessoal – que as coisas não são bem assim e que, mais cedo do que tarde, vão ter repercussões no seu ordenado ou no seu negócio.
Costumo dizer, sempre que me reduzem o ordenado, que alguém se vai lixar. Para além de mim e dos meus, obviamente. Isto porque não penso recorrer ao crédito, nem pedir fiado, para manter o nível de despesa que fazia antes. E é aqui, precisamente aqui, que o drama começa. O impacto desta medida, num pequeno município como Estremoz, será dramático. Considerando o elevado número de habitantes do concelho que trabalha para o Estado, facilmente se pode concluir que os funcionários dos diversos organismos públicos da cidade deixarão de receber mais de um milhão de euros. Isto deixando de lado tudo o que já perderam e levando apenas em conta os cortes previstos no próximo Orçamento de Estado. A estes números, recorde-se, há ainda que juntar o que vão cortar nas reformas... e reformados é, também, coisa que não falta por aqui.
O reflexo no comércio local será imediato. Com as consequências fáceis de adivinhar. Seguir-se-à o financiamento da própria autarquia. Que, como um ou outro saberá, tem como fonte de financiamento principal a participação no IRS, IRC e IVA. Qualquer quebra nas receitas destes impostos não será de certeza uma boa noticia para os munícipes. Funcionários públicos ou não.
Concordei com os ajustes que já foram aplicados quer à função pública quer aos privados, numa de...vamos lá a ver se sairemos desta porcaria, mas agora com esta CARGA quando poderiam ir buscar a tanto lado?
ResponderEliminarNunca fiz festa com o mal dos outros e o que me assusta na actual sociedade é caminharmos a passos largos para o estilhaçar: funcionários públicos contra privados, jovens contra velhos reformados etc, etc.etc. e esta cambada de "putos armados em governantes" não vêm onde tudo isto vai dar que será uma economia parada e que recuará?
Enfim...eu saberia do que isto está a precisar mas com um presidente tão "????" não sei não!