As eleições autárquicas são, dada a sua natureza, propicias ao aparecimento de propostas parvas. O que tirando aquela parte de, caso postas em prática, nos arruinarem a carteira não teria nada de mal. Pelo contrário, podiam até contribuir para melhorar os índices de boa disposição dos eleitores.
Desta vez não é o caso. Até porque a proposta parva do dia não se parece com uma promessa. Afigura-se antes uma ameaça e chegou pela voz de um dos cabecilhas do bloco de esquerda, simultaneamente candidato à Câmara de Lisboa. O homem considera necessário que a autarquia crie uma taxa que penalize os proprietários de prédios devolutos que não sejam colocados no mercado, seja para venda ou arrendamento. Quero acreditar que as restantes forças politicas terão o bom senso de ignorar liminarmente esta ideia. Embora, no ponto a que as coisas chegaram, não tenha assim tanta certeza.
A voracidade da máquina parece não conhecer limites quando se trata de sacar dinheiro. Não lhes chega o IMI, que pode ser agravado em determinadas circunstâncias, como querem esmifrar mais ainda os bolsos dos cidadãos. Alguém avise o cabeçudo que estamos no meio de uma crise, casas à venda é o que não falta – a menos que as placas das imobiliárias sejam só a fingir – e que a maioria dos proprietários com as casas devolutas gostaria de, por um ou outro meio, se livrar delas. Presumo que seja tarefa difícil convence-lo. É que para um gajo alegadamente de esquerda não deve ser fácil perceber que proprietário não é sinónimo de rico.
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