Gosto
de ouvir os populares a quem é dada oportunidade de dizer umas
coisas para o microfone que lhes puseram à frente da boca. Por mais
que haja quem deprecia a sua opinião, para mim, ela constitui uma
fonte inesgotável de conhecimento. Ou, como alguém escreveu em
tempos, “por mais comprida que seja a fita de um gravador nela não
caberá a sabedoria popular”.
Isto
a propósito do que proclamava ontem para uma reportagem televisiva,
num mercado da Madeira, um peixeiro lá da ilha. Garantia o senhor
que até à hora em que falava só tinha feito quinze euros, enquanto
antes – antes do euro, provavelmente - já teria ganho setenta
contos. Trezentos e cinquenta euros, portanto. Significa que, por
essa época, o senhor ganharia o equivalente a sete mil euros por
mês.
Solidarizo-me,
naturalmente, com o popular. E com todos os que, tal como ele,
sofreram tão dramática redução de rendimentos. Há, apenas, duas
coisas que me inquietam. A primeira, tão intensa actividade
económica não se ter traduzido em riqueza. A segunda. os impostos
cobrados não corresponderem ao nível de ganhos que quase todos os
comerciantes juram ter tido nesses, pelos vistos, saudosos tempos.
Mas isto sou eu, que tenho a mania de dar importância às conversas
dos populares...
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