quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Populares


Gosto de ouvir os populares a quem é dada oportunidade de dizer umas coisas para o microfone que lhes puseram à frente da boca. Por mais que haja quem deprecia a sua opinião, para mim, ela constitui uma fonte inesgotável de conhecimento. Ou, como alguém escreveu em tempos, “por mais comprida que seja a fita de um gravador nela não caberá a sabedoria popular”.
Isto a propósito do que proclamava ontem para uma reportagem televisiva, num mercado da Madeira, um peixeiro lá da ilha. Garantia o senhor que até à hora em que falava só tinha feito quinze euros, enquanto antes – antes do euro, provavelmente - já teria ganho setenta contos. Trezentos e cinquenta euros, portanto. Significa que, por essa época, o senhor ganharia o equivalente a sete mil euros por mês.
Solidarizo-me, naturalmente, com o popular. E com todos os que, tal como ele, sofreram tão dramática redução de rendimentos. Há, apenas, duas coisas que me inquietam. A primeira, tão intensa actividade económica não se ter traduzido em riqueza. A segunda. os impostos cobrados não corresponderem ao nível de ganhos que quase todos os comerciantes juram ter tido nesses, pelos vistos, saudosos tempos. Mas isto sou eu, que tenho a mania de dar importância às conversas dos populares...

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