Todos os anos por esta altura se fazem nas televisões, nas rádios, nos jornais e nos blogues grandes e pequenas dissertações sobre o antes e o depois do 25 de Abril. Por norma enaltece-se a liberdade que antes não havia, reafirma-se a infelicidade, a tristeza e o cinzentismo com que então se vivia e, no meio de uns quantos lugares comuns, salienta-se a beleza de uma “revolução” que, da noite para o dia tudo alterou. Pelo meio, como se fossem verdades absolutas, dizem-se e escrevem-se uns quantos disparates. Vindos, principalmente, daqueles que à época ainda não eram nascidos mas que por terem lido umas coisas sobre o assunto se acham donos da verdade histórica.
Pena que, por norma, se esqueçam dois temas marcantes. A guerra colonial, antes do 25 de Abril, e a tentativa de implementação de uma ditadura comunista logo a seguir ao golpe de Estado. O primeiro porque era, mais do que tudo o resto, a preocupação da esmagadora maioria das pessoas. Praticamente não havia ninguém que não tivesse um familiar ou amigo nas colónias. Por muito que isso custe a muita gente, na altura, qualquer mãe estava muito mais preocupada com a guerra do que por não poder ir a Badajoz comprar caramelos sem autorização do marido. Não admira, por isso, que o fim do conflito militar tenha sido considerado por quase todos como a principal conquista de Abril.
Não deixa, também, de ser estranho que ainda hoje se procure branquear a sucessão de acontecimentos, vulgarmente conhecida por PREC, que se seguiram à revolução dos cravos. Houve quem quisesse impor outra ditadura aos portugueses mas, vá lá saber-se porquê, parece que existe medo de tocar no assunto. Prenderam-se pessoas, roubaram-se bens, destruiu-se o tecido produtivo e descapitalizou-se o país. Se nos escapámos de pior podemos agradecer ao Mário Soares e ao Partido Socialista. Foi, ao que me lembro, a última coisa de jeito que fizeram pelos portugueses.
Dou 9 pontos (10 é o meu valor máximo) ao artigo.
ResponderEliminarAo titulo só dou 2 pontos. A parte final podia ter outras palavras.
Um abraço e boa Páscoa.
O titulo apenas pretende salientar o ridículo de certas frases que, todos os anos por esta altura, se constroem à volta da palavra liberdade.
ResponderEliminarObrigado e boa Páscoa também para si.
ultima e...única?!
ResponderEliminarMas, reconheço, valeu por muitas...
EliminarPronto, eu por mim prometo que não volto a falar destes assuntos. Sou apenas mulher e as mulheres não percebem nada destas coisas. São umas tontas, mas é...
ResponderEliminarBoa Páscoa.
PS: Concordo com o sr. António Rosa na parte do título, não havia necessidade (por mim nem 2 pontos, é muito baixo, caramba) como diz hermanito josé.
Há muito tonto e muita gente a opinar acerca do que não sabe.
EliminarPor esta altura do ano fico sempre irritado quando certa malta insiste em esclarecer-me que a minha vida antes do 25 de Abril era uma miséria e eu um infeliz. E quando eu lhes digo que não, até era um miúdo feliz, satisfeito com a vida e que nem eu, a minha família ou os meus vizinhos vivíamos miseravelmente eles ficam chateados e chamam-me nomes. Acha isto normal?
Boa Páscoa também para si.
Ai meu amigo, para mim o 25 de Abril valeu a pena por várias coisas, mas sobretudo pelo fim da guerra colonial...e nem imaginas como nós angolanos ficávamos imensamente tristes por ver tanto jovem "feijão verde" como eram apelidados devido à farda. Depois não se fala do que fazíamos em prol desses jovens que eram da minha idade e o horror dos horrores.
ResponderEliminarLonge da Cruz Vermelha, longe das famosas madrinhas de guerra...mas perto dos presos, dos hospitalizados, da morgue...e fico-me por aqui.
Em Luanda só soubemos oficialmente do 25 de Abril já no dia 26/27...(mas eu e o meu grupo ouvimos numa rádio clandestina). Ouvia-se bichanar por todo o lado, sempre com o TERROR da PIDE e já numa rocambolesca guerra civil e recolher obrigatório.
Depois em finais de 75, sai, estive um mês em Portugal, rumei ao Brasil e só voltei em Novembro de 1978. Portanto o logo após o 25 de Abril na Metrópole, pouco falo porque não vivi, li bastante...todo o bastante quer no antes quer no depois...há coisas em que a bota não dá com a perdigota.
Acredito no que dizes porque também li...e Mário Soares-PS fez alguma coisa sim senhora...mas fez muito mais erradas e trapaceadas com a péssima descolonização e mais tarde a dantesca crise de 80 a 86 foi por demais.
Para mim o verdadeiro símbolo de Abril foi Salgueiro Maia...e finalmente há bem pouco tempo soubemos e vimos quem era "o rapaz do tanque" que negou disparar contra ele e outros.
KK...lá está...o título que arranjaste que me fez rir à gargalhada...é caso para dizer...a bota não dá com a perdigota, certo?:):):)
Acalma-te rapaz...e continuação de uma boa-noite
O titulo é parvo - é verdade - mas por estes dias associam-se à ideia de liberdade as coisas mais estúpidas. Daqui que, parece-me, também tenho o direito de o fazer. Vê, por exemplo, o caso do Jornal de Noticias que publicou uma reportagem onde se escreveu que foi apenas com o 25 de Abril que as portuguesas descobriram a sexualidade...Esta gente deve pensar que o mundo começou nesse dia!
EliminarClaro que o 25 de Abril valeu a pena. E, recordo perfeitamente, por esses dias o que mais se celebrava era o fim que se adivinhava para a guerra colonial. Por mais que meia dúzia de inteligentes se esforcem imaginar coisas era isso que, de facto, preocupava o povo.
Boa Páscoa!
Só não concordo com a última parte, a única coisa que o Mário Soares poderá fazer de bem pelo país é deixar de respirar. Abraço!
ResponderEliminarHesito. Acho que mesmo depois disso o gajo ainda vai continuar a custar-nos caro!
EliminarQuando se está a vir é liberdade!
ResponderEliminarDitadura quando ela não quer
Nem sempre se sabe a vontade
Nem quais são os desejos da mulher!
"Mai" nada!
EliminarInadvertidamente eliminei dois comentários que terei todo o gosto em publicar caso os autores os reenviem. Peço desculpa pelo lapso.
ResponderEliminarProvavelmente, o meu foi um deles.
EliminarComo não gravo o que escrevo ... fiquei 'nas lonas'
Assim é que é falar!
ResponderEliminarAgradeçam ao Mário Soares
Por de outra ditadura nos livrar
Tenho ouvido tantos disparates!
Muitos desconhecem!
O que foi viver numa ditadura
Falam dela até parecem
Que foi uma boa aventura!
Grande poeta é o povo...
Eliminar"... e a tentativa de implementação de uma ditadura comunista logo a seguir ao golpe de Estado."
ResponderEliminarEh pá! Essa treta está mais que desmontada. Foi o "papão" em todas as situações que alguém tentou que a sociedade fosse menos desigual. O medo sempre teve um papel determinante em travar certas ousadias. Continuar a considerar isso um facto é mesmo uma grande treta.
A sério? Foi o Pai Natal, o Coelhinho da Páscoa ou a Fada dos Dentes que te contou a história?
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