segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Não sejam piegas!

Não compreendo a indignação causada pelas declarações de vários fulanos ligados ao PSD sustentando que, apesar de os portugueses viverem hoje pior do que viviam antes da vinda da troika, o país está melhor do que estava. Obviamente que está melhor. E podia estar ainda muito melhor. Bastava para isso que os velhos não insistissem em não falecer, que os doentes fossem menos mariquinhas e deixassem de acorrer aos hospitais e que os funcionários públicos se suicidassem. Também ajudava um bocadinho se os jovens e os desempregados que ainda por cá estão, saíssem da sua zona de conforto e se fizessem à life. Para a Alemanha, para a China ou para outro sitio qualquer onde não aborreçam. Mas não. Toda esta cambada insiste em não colaborar com o esforço patriótico do governo. Com um povo destes é, convenhamos, difícil fazer melhor.
Já a outra parte, a de que os portugueses estão pior, não sei se concorde. Talvez não. Se estão não se nota muito. O popó – refiro-me, naturalmente, aos pequenos percursos - ainda não foi trocado pela bicicleta ou pela deslocação a pé, os hábitos de consumo não aparentam uma mudança significativa e os gastos, públicos e privados, em itens não essenciais continuam a iguais ao que eram antes. Até mesmo a poupança – veja-se o caso das facturas e a sua dedução em IRS – é desprezada. Isto para não falar dos concertos, das festarolas ou dos carnavais que continuam como se nada fosse. E, se calhar, ainda bem. Mas depois não sejam piegas...  

4 comentários:

  1. "Também ajudava um bocadinho se os jovens e os desempregados que ainda por cá estão, saíssem da sua zona de conforto e se fizessem à life. Para a Alemanha, para a China ou para outro sitio qualquer onde não aborreçam."

    Nisto dos jovens acho que é uma mais valia sair do país (que me perdoem os que não concordam, se tivesse filhos incentivava, isto no caso de existirem condições, ficar em casa dos pais até aos 40 anos não está com nada) adquirir experiência, enriquecer o currículo, conhecer novas formas de estar na vida. Alargar horizontes. Entretanto voltar e dar-se ao luxo de poder escolher. Existem multinacionais - e sei por experiência própria - que preferem contratar jovens que já tenham tido uma experiência professional fora de Portugal. Nem que seja um estágio.

    Lembro-me quando andava a estudar Inglês e Alemão no Cambridge, tinha 17 anos, sendo as notas boas o director achou que era uma mais valia ir para Londres. Foi pena que os meus pais não tivessem autorizado porque acharam que era muito nova para ficar em Londres sozinha. Grande erro. Todo o meu percurso de vida teria mudado de forma absurda. Para melhor, sem dúvida. Admito que teria agradecido se eles me tivessem empurrado para fora do ninho.

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    1. Concordo consigo, mas a saída, a ocorrer, deveria ser apenas mais uma opção. Nunca "a" opção.

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  2. Concordo em absoluto e o comentário de Maria e a tua resposta são reais...
    Sei do que falo, porque também sou emigrante loll e foi mesmo e infelizmente "a opção" dura e crua...cujas lembranças não se apagam.

    Vou trabalhar pá...já tocou a sineta do SOS avó e a ver se no pequeno quintalinho onde estão três tristes couves se resistiram aos melros e sobretudo ao malandro do cão, que não toca no que eles plantam...mas arranca tudo o que eu ponho. Como é possível não sei...só sei que mal chego lá vem ele com "algo que arrancou" na boca como a dizer...vamos brincar?:):):):):)

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    1. Um canito adepto da reforma agrária..." A terra é de quem a trabalha e os frutos de quem chega primeiro!"

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