Deve ser, assumo, problema meu. Mas, de verdade, não
estou a ver razão para a histeria colectiva que tem assaltado a
comunicação social a propósito da intenção do governo de reduzir
as pensões de aposentação. Tudo o resto parece que não interessa.
O desemprego, a diminuição de apoios sociais, a falta de
perspectiva de futuro para os jovens ou, até porque o barco é o
mesmo, os cortes nos vencimentos dos funcionários públicos, não
motivam idêntico nível de preocupação nem constituem tema que
mereça, da parte dos média, o mesmo tratamento.
Tal ficará a dever-se, não vislumbro outro motivo, ao
facto de Portugal ser um país de reformados. São muitos, logo
qualquer assunto que os envolva garante audiência. Destes, não são
poucos os que ocupam lugares de destaque na governação do país –
logo a começar pelo Aníbal, que nunca escondeu as suas preocupações
com a sua reforma –
e ainda serão mais os que se dedicam a fazer opinião em tudo o que
é jornal, rádio e televisão. Nomeadamente a opinar em defesa da
sua dama. A sua rica reforma. Que, ao contrário da maioria dos
aposentados e dos que trabalham, é mesmo rica.
Não está, obviamente, em causa a reprovação que
merece esta medida do governo. Tenho as pontas dos dedos gastas de
tanto me indignar contra ela e outras do mesmo genero. O que me
repugna é a maneira como a coisa é apresentada. A parcialidade
escandalosa com que o assunto é tratado. O descaramento com que me
querem fazer acreditar nas dificuldades por que estarão a passar.
Que diabo. Eu também tenho cortes no vencimento – o que me deixa
visivelmente aborrecido – e ganho várias vezes menos do que aquela
malta que me enche o ecrã da televisão de lamentações. Façam
menos cruzeiros e vão ver que nem notam a austeridade!
Concordo completamente!
ResponderEliminarSaudações
Sabes bem que subscrevo o que dizes!
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